Sakamoto: Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres no Oscar é pesadelo a golpista
As indicações de 'Ainda Estou Aqui' e de Fernanda Torres ao Oscar são um pesadelo para os bolsonaristas e os defensores do golpismo, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (23).
Ao todo, 'Ainda Estou Aqui' recebeu três indicações: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (para Fernanda Torres). O longa, que retrata os horrores da ditadura militar no Brasil, sofreu uma campanha de boicote promovida por bolsonaristas.
A indicação de 'Ainda Estou Aqui' nas categorias Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro e de Fernanda Torres para Melhor Atriz no Oscar 2025 vai levar viúvas do golpe de 1964 ao desespero no Brasil. Mas também pode gerar ranger de dentes entre aqueles que têm ranço da democracia em outras partes do mundo.
Pois a história, adaptada do livro de Marcelo Rubens Paiva, conta a história de uma família brasileira cujo pai por morto pela ditadura civil-militar, mas que é universal. Com a onda ultraconservadora e autoritária pelo mundo, há tantas outras famílias Paiva na África, na Europa, na Ásia, na América.
Por aqui, muitos se dizem patriotas, mas torcem contra o sucesso do filme, não por terem assistido e não gostado, o que é direito deles, mas porque não querem que a história relembrada no filme ganhe o mundo. Querem que a ditadura continue sendo vendida com um período de paz e respeito aos direitos. Pior: torcem contra porque ele representa artistas de quem eles discordam ideologicamente.
Nessa hora, o pessoal que se chama de 'patriota' mostra que pouco se importa com a cultura brasileira, com a felicidade do país, com a realidade e com aquilo que produzimos de melhor e o mundo vê e gosta. Eles estão preocupados apenas com eles e com a visão deles. Já há um pessoal em desespero nas redes sociais. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto rebateu as críticas de que 'Ainda Estou Aqui' é um filme panfletário. Para o colunista, o longa não levanta bandeiras, mas conta um drama humano. E, de forma sutil, traz uma história universal e que se aplica ao mundo atual por conta do avanço da extrema direita e do conservadorismo pelo mundo.
E alguns reclamam que o filme é didático. Ainda bem. Pois a história daquele período precisa ser contada até entrar nos ossos e vísceras de nossas crianças e adolescentes a fim de que aprendam e nunca esqueçam que a liberdade da qual desfrutam hoje não veio de mão beijada. Mas custou o sangue, a carne e a saudade de muita gente.
A potência de 'Ainda Estou Aqui' e que o faz ser assistido por pessoas de diversas colorações políticas e partidárias do Brasil e do mundo é exatamente partir de um drama familiar para contar uma história universal sem levantar descaradamente uma bandeira.
Walter Salles não fez um filme panfletário. Nada contra aqueles que empunham bandeiras abertamente, mas expor a violência daquele período através da história de uma família fez com que ele fosse assistido por grupos que não o veriam. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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