Trump nos encoraja, e Lula não pode bater de frente com EUA, diz Eduardo

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta sexta-feira (24) que o retorno de Trump ao poder "encoraja" a direita brasileira e "encurrala" o governo do presidente Lula.

"A eleição do Trump nos encoraja a seguir adiante. Os países andam lado a lado em questões políticas. Mas o mais importante é que o Lula não poderá bater de frente com os EUA. O governo Lula perde o governo Biden como aliado. São outros tempos que estão chegando", declarou.

Brasil X Estados Unidos

O deputado acredita que, se o ex-presidente Jair Bolsonaro estivesse no poder, Trump teria outra posição sobre a relação entre o Brasil e os EUA. Questionado após a posse, o novo presidente disse que os EUA não precisam do Brasil.

É necessário contextualizar. O Lula, antes da eleição, disse que torcia para a Kamala Harris, em um momento em que a população americana o aclamava, enquanto no Brasil o chamavam de nazista. Ele não tem motivos para sorrir para o Lula. A fala do Trump foi um mero resultado disso. Se Bolsonaro fosse o presidente, a percepção do Trump sobre o Brasil seria diferente. É necessário construir pontes, fazer os contatos.
Eduardo Bolsonaro, em entrevista ao O Globo

Se Bolsonaro escolher, 'me sacrificaria' para ser candidato

Em um evento nos EUA, no domingo (19), o estrategista Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, apresentou Eduardo como futuro presidente do Brasil. Questionado sobre suas pretensões, o deputado disse que se "sacrificaria", caso fosse escolhido pelo pai.

Vejo esses comentários como elogio, mas meu plano A, B e C segue sendo Jair Bolsonaro. Mas, se ocorrer, se for para ser o candidato com ele escolhendo, eu me sacrificaria, sim.

'Candidatos da direita vão apoiar Bolsonaro'

Já em relação a outros nomes da direita que já manifestaram intenção de concorrer em 2026, como o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), Eduardo diz acreditar que eles apoiarão a candidatura de Bolsonaro, embora hoje o ex-presidente esteja inelegível.

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Na caminhada do Trump, outros nomes também se lançaram, foram para as prévias, mas no final das contas todos apoiaram a principal liderança, que era o Trump. No Brasil, os candidatos da direita vão apoiar Bolsonaro, que certamente será o candidato. Espero que tenha ciência do risco de o PT seguir no poder.

Visto como um dos nomes mais fortes da direita para substituir Bolsonaro no páreo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria o apoio de Eduardo, com a bênção prévia do pai.

Se Bolsonaro mandar, eu apoio qualquer um. Não vou contestar a liderança dele.

Inelegibilidade de Bolsonaro

O deputado não quis falar sobre os planos para tentar reverter a inelegibilidade do pai, disse apenas que o assunto é tratado no âmbito do projeto para anistiar os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que está na Câmara.

Esse assunto é tratado internamente. Temos trabalhado este assunto, sim, principalmente a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Mas não convém publicizar. Tudo está sujeito a interferências judiciais atualmente.

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Questionado sobre o cenário eleitoral em uma eventual condenação do seu pai, Eduardo afirmou que, nesse caso, Bolsonaro será visto como vítima, o que o fortalecerá como cabo eleitoral.

Bolsonaro será visto como vítima e haverá uma comoção em torno dele. Isso fará com que ele indique o próximo presidente da República e triplicará a sua força para eleger senadores.

O deputado disse ainda que Jair Bolsonaro não tem planos de fugir para outro país e que ele quer estar no Brasil para enfrentar o processo judicial.

Nunca ouvi isso [fugir] da boca dele. Se ele quisesse, nem sequer teria voltado dos EUA (em 2023, após ter passado três meses no país). Ele foi à Argentina e voltou (em dezembro de 2023). Bolsonaro sempre falou que quer estar no Brasil e enfrentar este processo judicial perseguidor. Não vejo esta possibilidade.

Em entrevista à colunista do UOL Raquel Landim, em novembro do ano passado, o ex-presidente não descartou se refugiar em uma embaixada caso tenha sua prisão decretada ao final do processo penal. "Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, né, quem se vê perseguido pode ir para lá. Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado", disse na época.

A declaração foi citada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na decisão da semana passada que negou autorização para Bolsonaro viajar aos EUA para a posse de Trump.

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O passaporte do ex-presidente foi apreendido pela Polícia Federal em fevereiro de 2024, durante a operação que investiga a existência de uma organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito depois das eleições de 2022.

A decisão de Moraes também cita o apoio de Bolsonaro a condenados pelos atos golpistas que estão foragidos da Justiça.

O ex-presidente nega ter participado de planos de dar um golpe e alega que está sendo perseguido por Moraes.

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