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Alcolumbre é eleito presidente do Senado sem dar chance a azarões

Do UOL, em Brasília

01/02/2025 15h12Atualizada em 01/02/2025 16h12

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) foi eleito hoje presidente do Senado com 73 dos 81 votos. O parlamentar, que já comandou a Casa antes, terá um novo mandato de dois anos. Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE) tiveram quatro votos cada um.

O que aconteceu

Franco favorito, Alcolumbre derrotou dissidente do PL e senador do Novo. Apesar de o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter decidido apoiar o senador amapaense, Marcos Pontes decidiu lançar sua candidatura avulsa e causou um mal-estar na direita, com críticas públicas de Bolsonaro e do presidente do PP, Ciro Nogueira. Eduardo Girão também estava na disputa.

Pouco antes da votação, Marcos do Val (Podemos) retirou a candidatura. Segundo ele, não houve condições para uma disputa "democrática". Soraya Thronicke, também do Podemos, foi outra a desistir pouco antes do pleito.

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Em discurso após a votação, o agora presidente do Senado defendeu o equilíbrio entre os poderes. Ele afirmou que o "Congresso Nacional deverá ser porta-voz do sentimento dos brasileiros".

Por vezes, isso nos exigirá um posicionamento corajoso perante o governo, o Judiciário, a mídia ou o mercado. Nem sempre agradaremos a todos
Davi Alcolumbre (União-AP)

Lula exonerou ministros para votação em aceno a Alcolumbre. Os ministros Camilo Santana (PT-CE), da Educação, Carlos Fávaro (PSD-MT), da Agricultura, e Wellington Dias (PT-PI), do Desenvolvimento Social, se licenciaram da Esplanada para estar no Senado. O voto é secreto, mas o Planalto se posicionou a favor de Alcolumbre.

Lula parabeniza Alcolumbre. Assim que o resultado foi anunciado, o líder do governo, Randolfe Rodrigues (PT-AP), ligou para o presidente Lula e passou o telefone para o novo presidente do Senado. O petista cumprimentou o senador amapaense e disse que queria marcar uma conversa em breve.

Alcolumbre já comandou o Senado de 2019 a 2021. O senador não conseguiu disputar a reeleição em seguida porque a Constituição proíbe a recondução dentro da mesma legislatura. O senador fez um acordo para apoiar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em sua reeleição em 2023, enquanto ficava no comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), para então disputar o cargo novamente em 2025.

Alcolumbre conseguiu o apoio de 11 dos 12 partidos do Senado. Com exceção do Novo, todas as outras siglas da Casa anunciaram apoio à candidatura de Alcolumbre ainda em 2024. A negociação envolveu cargos na Mesa Diretora, que serão eleitos ainda hoje, e comandos de comissões.

Relação pragmática com o Senado. Alcolumbre é um antigo conhecido político do presidente Lula. Segundo interlocutores do petista na Casa, o senador amapaense é "muito pragmático" e não deve causar problemas para o governo em pautas estruturantes.

Propostas ideológicas exigirão equilíbrio de Alcolumbre. Para conseguir o apoio do PL, o senador fez vários acenos ao partido de Bolsonaro, com cargos e comando de comissões que os parlamentares usaram de palanque política, como a comissão de Segurança Pública que deve ficar com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na avaliação de líderes do Senado, o andamento das pautas ideológicas vai depender de como o governo vai se posicionar. Se quiser avançar com projetos, a oposição tende a contrapor com mais propostas.

Popularidade do governo vai influenciar o humor das novas gestões. Lideranças ouvidas pelo UOL avaliam que os primeiros meses devem ser mais tranquilos, mas o que deve influenciar o comportamento das duas Casas é o desempenho do governo. Isso porque a pressão externa pode inflar a oposição e pressionar os presidentes.

Importância do cargo. O presidente do Senado é também o presidente do Congresso, que tem entre suas atribuições convocar sessões conjuntas dos parlamentares para, por exemplo, analisar os vetos do presidente. É ainda o responsável por autorizar a criação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquéritos).

PL e PT vão ocupar a 1ª e 2º vice-presidência com os senadores Eduardo Gomes (PL-TO) e Humberto Costa (PT-PE). Mesa diretora também terá Daniella Ribeiro (PSD-PB), Confúcio Moura (MDB-RO), Ana Paula Lobato (PDT-MA) e Laércio Oliveira (PP-SE) nas Secretarias.


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