Boné serve pra proteger do sol, não resolver problemas do país, diz Motta

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Em meio a uma "guerra dos bonés", o recém-eleito presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse nesta terça-feira (4) que o item não vai resolver os problemas do país.
O que aconteceu
Motta publicou nas redes sociais que boné serve para proteger a cabeça do sol. "O que a gente precisa é fazer, e ter a cabeça aberta pra pensar em como ajudar o Brasil a ir pra frente", escreveu ele no X (ex-Twitter).
Post do deputado vem logo após o presidente Lula (PT) divulgar vídeo usando boné azul com frase "O Brasil é dos brasileiros". Idealizada pela nova Secretaria de Comunicação da Presidência, a peça foi usada pela primeira vez por parlamentares governistas durante a eleição no Congresso no último sábado (1º).
Deputados de oposição rebateram com boné verde e amarelo dizendo "Comida barata novamente, Bolsonaro 2026". Ambos os bonés se inspiram no usado por Donald Trump e apoiadores desde o primeiro mandato do republicano nos Estados Unidos, com o lema "Make America Great Again" ("Faça os EUA grandiosos novamente", em inglês).
Pra mim, boné serve pra proteger a cabeça do sol, e não pra resolver os problemas do país. O que a gente precisa é fazer, e ter a cabeça aberta pra pensar em como ajudar o Brasil a ir pra frente.
-- Hugo Motta (@HugoMottaPB) February 4, 2025
'Vamos tratar tema da anistia com tranquilidade'
Motta também disse nesta terça-feira que não quer que a Câmara seja causadora de instabilidade. Em entrevista à GloboNews, ele falou que vai discutir o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de janeiro "de maneira tranquila e serena".
Ele relatou ter conversado com Lula e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de forma "madura". "Sabemos que esse tema divide a Casa", declarou. "Vamos tratar esse tema de maneira tranquila, serena. Nosso trabalho sempre será em busca de harmonia e pacificação nacional".
Debate sobre parlamentarismo
Motta disse que apoia a discussão sobre a implementação do parlamentarismo no Brasil. Ele disse, no entanto, que essa discussão não deve ser feita de uma hora para a outra, mas com responsabilidade. "Essa tem que ser uma discussão bem feita, com longo prazo, não só aqui em Brasília, mas nos estados. Para que a população, até através do trabalho da imprensa, possa conhecer melhor o que é esse momento e entender que não representa uma mera usurpação do direito de escolher quem será o próximo presidente. Eu apoio esse debate."
Haddad tem se esforçado, diz Motta
O presidente da Câmara afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem "se esforçando para fazer um bom trabalho". Motta reafirmou a disposição de colaborar com o ministério da Fazenda e a agenda do governo, mas disse que o Planalto precisa reconhecer que a situação econômica é grave. "Me parece que o ministro Haddad tem ficado vencido nas discussões internas e na tomada de decisões finais", concluiu.
Tarcísio é "um grande nome"
Em entrevista à CNN Brasil, Motta também falou sobre as eleições de 2026. Ele disse que o governador Tarcísio de Freitas, que é de seu partido, é "um grande nome" e está fazendo um "grande trabalho" em São Paulo, mas não deve disputar a Presidência da República na próxima eleição. "Ele é um governador muito preparado e com certeza deverá disputar a presidência da República. Eu só não consigo garantir que será agora em 2026", declarou.
Talvez ele [Tarcísio] vá para a reeleição. Deve ter uma reeleição tranquila pelo trabalho que vem fazendo. Talvez discutir a possibilidade de ele ser candidato lá em 2030, já com dois governos, duas gestões extremamente eficientes no principal estado do país. Hugo Motta, presidente da Câmara
Isenção no imposto de renda
Motta elogiou a proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000. "É uma pauta simpática que o Congresso se sente bem em votar porque dá uma isenção de impostos, principalmente para as pessoas mais necessitadas", disse ele, ao SBT News.
Contudo, o presidente da Câmara entende que é necessário ter cautela para avaliar a proposta. "Nossa preocupação é, se feito de uma forma que não haja compensação, se não vamos ter o efeito contrário ao que diz respeito a taxa de juros, inflação e dólar. Não adianta dar uma isenção se isso não estiver alinhado com a questão da economia, porque esse avanço acaba saindo por outro caminho, com a moeda perdendo valor e nosso país não tendo estabilidade econômica".
Bolsonaro e impeachment de Lula
Os pedidos da oposição para analisar o impeachment de Lula devem ser vistos com "muita responsabilidade", segundo Motta. "Já existem alguns pedidos de impeachment que ainda não foram protocolados sob a presidência de Arthur Lira. Esses assuntos devem sempre ser analisados com muita responsabilidade. O país já tem muitos problemas para estarmos aqui criando mais instabilidade política".
Toda construção que leva a um processo de impedimento de um presidente deixa traumas [...] Se pudermos evitar toda e qualquer tipo de instabilidade, penso que é o melhor caminho para nossa nação. Não vamos resolver nossos problemas gerando mais problemas.
Hugo Motta, ao SBT News
A mudança pretendida pelos aliados de Bolsonaro para diminuir o período de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa será avaliada caso a maioria da Casa queira. "Essa pauta de mudança do período de penalidade da Lei da Ficha Limpa, se for priorizado por algum partido, vamos colocar à mesa no colégio de líderes".
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