'Lula não instrumentaliza a fé como o bolsonarismo', diz pastor petista
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As críticas de lideranças evangélicas sobre a ausência de representantes do governo Lula no culto fúnebre da bispa Keila Ferreira foram rejeitadas pelo pastor batista Oliver Costa Goiano, que coordena o núcleo de evangélicos do PT. Ao UOL, ele disse nesta quarta-feira (5) que o presidente "não instrumentaliza a fé como faz o bolsonarismo".
O que aconteceu
Se Lula enviasse representantes, críticas também seriam feitas, disse o pastor. Goiano exemplificou com o caso da Marcha para Jesus em São Paulo. Em 2023, o presidente recusou o convite, mas enviou o ministro da AGU, Jorge Messias, e a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) para representá-lo —ambos são evangélicos declarados. Na ocasião, Messias chegou a ser vaiado.
Lula divulgou nota e definiu bispa Keila como "referência de fé inabalável". No texto de pesar divulgado pelo Planalto, o presidente citou a trajetória da líder religiosa. "Sua partida precoce é sentida não apenas pela família, mas por toda a comunidade, a que tanto se dedicou", diz trecho.
Quem entendeu a ausência do governo no velório como desprezo foi o pastor Silas Malafaia. "Quando você tem um segmento social grande e acha que ele é importante, você manda um representante. Isso é política. Para quem diz que quer se aproximar dos evangélicos, perdeu uma chance de reconhecer a autoridade dele [bispo Samuel Ferreira] no mundo evangélico", disse o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Em resposta, Goiano citou as leis sancionadas por Lula que envolvem a comunidade evangélica. Uma delas criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, o evento passou a ser oficial em 2009 durante o segundo mandato do petista. Apesar disso, Lula nunca participou do evento — Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro presidente a participar.
O velório da bispa Keila reuniu autoridades e políticos da direita na última segunda-feira (3). Além de Bolsonaro, o ministro do STF André Mendonça, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, os governadores Cláudio Castro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), estiveram presentes.
Os pastores que estão nos odiando, estão indignados com a "limpeza étnica" de Gaza? Estão preocupados com os imigrantes? Ou só estão preocupados, porque as igrejas deles estão ficando vazias? Eles têm uma indignação seletiva.
Oliver Costa Goiano, pastor batista e coordenador nacional dos evangélicos do PT
Laços com Bolsonaro
Bolsonaro participou de um culto na igreja durante a campanha eleitoral de 2022. A visita ocorreu dias após o primeiro turno em que ele ficou atrás do seu adversário, Lula. O então presidente foi acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e de deputados e senadores.
No culto, o bispo pediu votos para Bolsonaro e disse que os nordestinos estavam "mal-informados". "Vamos conferir a ele essa segunda oportunidade, porque é com esse tempo que ele vai mudar definitivamente o rumo dessa nação", disse o líder evangélico, na época.
Enfrentando resistência nesse eleitorado, Lula não participou de cultos durante a campanha de 2022. O então candidato à Presidência fez dois eventos com evangélicos, mas fora dos templos religiosos —eles aconteceram em um galpão e outro em um hotel.
Em 2014, Dilma Rousseff (PT) participou de um congresso da igreja. A candidata à reeleição foi elogiada pelo bispo Samuel Ferreira, na ocasião.
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