Tales: Lula cai em armadilha de Trump, que quer arrumar confusão com Brasil
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O presidente Lula (PT) mordeu a isca jogada por Donald Trump sobre a questão da Faixa de Gaza e corre o risco de ver o presidente norte-americano subir o tom contra o Brasil e ameaçar represálias ao país, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (5).
Trump declarou que seu governo assumirá o comando da Faixa de Gaza, em "uma posição de propriedade de longo prazo", e que os palestinos devem se deslocar para outros países. Lula reagiu, disse que o presidente norte-americano "vive de bravatas" e que a fala dele "é incompreensível para qualquer ser humano".
Lula caiu em uma armadilha. Isso é como um jogo de xadrez, no qual um jogador faz um movimento obrigando o outro a seguir o caminho que ele predeterminou. Infelizmente, ele não tinha outra opção, mas esta jogada do Trump leva Lula ao risco de tomar o xeque no jogo de xadrez entre os dois.
Trump quer um motivo para bater boca com o Brasil e aumentar tarifas. Lula vinha se esquivando disso. Agora, Trump faz uma jogada à qual o Lula inevitavelmente teria que reagir. Não tem como não reagir a esse tipo de maluquice que Trump está falando.
Lula reage e, com isso, dará opção e discurso ao Trump para poder criar confusão com o Brasil. Infelizmente é um jogo que já estava marcado e predeterminado. Já esperávamos há muito tempo, desde que Trump assumiu, que ele se volte contra o Brasil e pode estar procurando uma desculpa agora. Lula não tinha como agir de outra maneira. Tales Faria, colunista do UOL
Para Tales, Trump se arrisca ao querer interferir na questão da Faixa de Gaza. O colunista relembrou o resultado da Guerra do Vietnã, quando os EUA sofreram uma de suas derrotas militares mais duras e traumáticas.
Trump está cometendo um erro grande e trazendo para os EUA a guerra contra o povo palestino. É uma decisão muito perigosa.
Quando entraram na Guerra do Vietnã, os EUA acharam que poderiam acabar com ela rapidamente, mas ela se tornou o maior pesadelo do povo e dos presidentes americanos. A Rússia, quando partiu para a guerra contra a Ucrânia, achou que o conflito terminaria em algumas semanas.
Esse tipo de guerra contra um povo fraco e oprimido causa uma revolta tamanha que ela se torna muito complicada. Às vezes, volta-se contra o Estado que se achava superpoderoso. É muito perigoso para Trump e para os EUA chamarem para si a guerra contra o povo palestino. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Lula fez bem ao mudar rota sobre Trump; silêncio seria inaceitável
Lula agiu de forma correta ao reagir às declarações de Donald Trump sobre os Estados Unidos assumirem o controle da Faixa de Gaza, afirmou o colunista Josias de Souza.
Lula vinha se esforçando muito para evitar o antitrumpismo primário, mas foi compelido a alterar essa estratégia.
Se Lula ficasse em silêncio depois que Trump ameaçou se apropriar da Faixa de Gaza, expulsando os palestinos da região, ele seria cúmplice do pró-trumpismo inocente que é cultivado por Bolsonaro e seus devotos, que aceitam todas as presunções do Trump a seu próprio respeito. Isso inclui concordar com a tese segundo a qual essa 'divindade laranja' retornou à Casa Branca porque tem uma inspiração divina e, portanto, indiscutível.
Historicamente, a diplomacia brasileira sempre defendeu a fórmula dos dois Estados como a saída para a pacificação do Oriente Médio. Não faria sentido o presidente silenciar diante de uma atrocidade verbal que foi cometida pelo Trump ao insinuar, após receber [Benjamin] Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] na Casa Branca, que os EUA vão tomar na mão grande a Faixa de Gaza e erguer sobre os escombros o que ele chamou de uma 'Riviera do Oriente Médio'. Josias de Souza, colunista do UOL
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Trump brinca com segurança do mundo, diz embaixador da Palestina
Donald Trump está brincando com a segurança mundial ao declarar que os Estados Unidos assumirão o controle da Faixa de Gaza e expulsarão os palestinos, afirmou Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil.
O mundo está consternado com o que parece ser uma brincadeira do presidente dos EUA. Gaza e a Palestina pertencem aos palestinos.
O presidente de uma superpotência está brincando com a segurança do mundo. Nós não vamos abrir mão dos nossos direitos, independentemente das declarações dele. É sábio retratar e, como superpotência, tem que defender a paz e não promover guerras, como as que se mantêm na área.
Ainda acredito no direito internacional. O mundo pagou duas guerras mundiais e um alto preço como humanidade e nós pagamos um alto preço como povo palestino. É hora de querer fazer valer realmente o direito internacional, e não o direito de uso da força. Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil
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