Antropólogo é condenado por tentar impedir fiscalização do Ibama em 2020

O antropólogo Edward Luz foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão, em regime semiaberto, por ter tentado impedir uma fiscalização do Ibama em uma terra indígena no Pará, em fevereiro de 2020.

O que aconteceu

Edward Luz foi condenado por desacato pela Justiça Federal do Pará. Em fevereiro de 2020, ele tentou impedir servidores do Ibama de retirar gado que estava sendo criado ilegalmente na terra indígena Ituna Itatá, em Altamira (PA). O antropólogo poderá recorrer em liberdade. Cabe recurso da decisão.

Segundo a Justiça, Luz ameaçou e tentou intimidar os agentes do Ibama. O Ministério Público Federal apontou que ele abordou um servidor em um hotel em Altamira (PA) e disse: "tome cuidado que você pode morrer". No dia seguinte, segundo o MPF, Luz chamou outros dois fiscais de "infiltrados socialistas", disse que eles estavam usando o poder do Estado contra a propriedade e ameaçou: "isso vai acabar".

O antropólogo chegou a ser detido. Ao ser abordado por agentes do Ibama dentro da terra indígena, Luz começou a gravar um vídeo afirmando que estava no local a serviço do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Os servidores pediram que o antropólogo se retirasse, mas ele se recusou e foi algemado.

A terra indígena Ituna Itatá era campeã de desmatamento no país à época da operação do Ibama. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o território perdeu, só em 2019, mais de 12 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 16 mil campos de futebol. A Ituna Itatá é uma das sete terras indígenas que passam por operações contínuas do governo federal para retirada de ocupantes ilegais.

Edward Luz afirma que vai recorrer da sentença. Procurado pelo UOL, o antropólogo disse que agiu em defesa de cerca de 220 famílias assentadas no local, que, segundo ele, tiveram casas e outras instalações destruídas pelo Ibama a pedido do MPF.

Como eu era o único antropólogo, um dos poucos profissionais a fazer o trabalho que fazia, no sentido de mostrar os erros e denunciar o que estava acontecendo, eu sofri e continuo sofrendo um processo de perseguição pública do Ministério Público Federal, que, em um ato de represália, abriu seis ações contra mim
Edward Luz

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.