Motta recebe mulher de preso do 8/1 em novo aceno ao bolsonarismo

Em mais uma atitude alinhada ao bolsonarismo, o presidente da Câmara recebeu a mulher de um preso do 8 de Janeiro que esteve na Câmara nesta terça-feira (11) pedindo anistia.

O que aconteceu

Vanessa Vieira saiu de Rondônia com seis filhos, incluindo criança de colo. Ela é casada com um caminhoneiro com porte de arma que foi condenado a 14 anos de prisão por invasão violenta e depredação do Palácio do Planalto. Deputados bolsonaristas estão apelando ao sentimentalismo para tentar comover a sociedade e livrar os detentos que destruíram as sedes dos Três Poderes.

Depois da coletiva, Vanessa foi recebida por Hugo Motta (Republicanos-PB). Ela foi levada para o gabinete dele pelo líder da oposição e a audiência contou com a presença do relator do projeto da anistia, deputado Rodrigo Valadares (União-SE).

O encontro caracteriza mais um sinal de simpatia do presidente da Câmara às pautas bolsonaristas. Atitudes reiteradas contrariam a promessa de equilíbrio de Motta. Ele se elegeu com apoio que foi do PT ao PL.

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) se negou a receber Vanessa. Ele adiantou esta decisão ainda na segunda-feira, quando foi consultado sobre a possibilidade.

Motta foi questionado na segunda, não negou e hoje recebeu os bolsonaristas. A reunião foi com portas fechadas e contou com parlamentares da direita, Motta e Vanessa. Ela relatou as dificuldades de criar seis filhos sem o pai.

De acordo com relatos, o presidente da Câmara repetiu o que tem dito sobre anistia. Ele falou que o tema mexe com a sociedade e está disposto a colocar a proposta em votação desde que haja consenso entre os líderes dos partidos.

A direita insiste em votar o tema até o meio do ano. Eles querem mudanças na tramitação do projeto que acelerem o tempo de discussão.

Repetição de piscadas à direita

Desde que assumiu, Motta tem repetido acenos a pautas caras à direita. Os movimentos incomodam parlamentares da esquerda e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Na semana passada, o presidente da Câmara afirmou que não houve tentativa de golpe. No entender dele, a depredação do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal feito por pessoas que não aceitavam o resultado das eleições e pediam intervenção das Forças Armadas não era uma iniciativa de ruptura da democracia.

Motta afirmou ainda que é excessivo o prazo de 8 anos sem poder se candidatar para enquadrados na Lei da Ficha Limpa. A alegação se alinha ao bolsonarismo porque um projeto do deputado Bibo Nunes (PL-RS) busca mexer justamente neste ponto para que Jair Bolsonaro possa se candidatar a presidente.

O projeto reduz a pena para dois anos de inelegibilidade. Isto significa que o ex-presidente teria os direitos políticos restaurados antes da corrida presidencial.

Além disso, Motta tem falado em entrevistas que Lula (PT) e Bolsonaro são os favoritos a se tornar presidente. Nomes alternativos como os governadores Ronaldo Caiado (União) e Ratinho Júnior (PSD) são considerados sem chances por ele.

Caciques do PT colocaram panos quentes nos posicionamentos de Motta. O argumento é que o discurso de posse foi bastante alinhado à esquerda e agora o presidente da Câmara está fazendo acenos para os bolsonaristas porque se elegeu com apoio dos dois lados e precisa manter a postura de equilíbrio.

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