PF diz que ex-deputado usava esposa e filho em esquema de venda de emendas

A Polícia Federal afirma que a esposa e o filho do ex-deputado federal Bosco Costa (PL-SE) teriam participado do esquema de venda de emendas parlamentares.

O que aconteceu

Segundo o relatório final do inquérito da PF, eles teriam atuado para ajudar a lavar dinheiro e na negociação dos repasses de valores. A PF afirma que três parlamentares do PL criaram um esquema de venda de emendas parlamentares.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou nove pessoas. Três eram parlamentares: além de Bosco Costa, estão Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastol Gil (PL-MA). A investigação uma organização criminosa que teria desviado verbas de emendas destinadas ao município de São José do Ribamar (MA) entre dezembro de 2019 e agosto de 2020.

A PF aponta envolvimento de familiares de Bosco Costa no esquema. O relatório final da corporação reuniu elementos que vão desde anotações encontradas com suspeitos a trocas de mensagens de WhatsApp que expõem envolvimento de Maria Rivandete Andrade e Thales Andrade Costa.

Maria Rivandete recebeu transferências do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA). O parlamentar é apontado como o líder do esquema. Ele teria orientado os outros dois deputados sobre os repasses de emendas. Comprovantes encontrados pela PF em trocas de mensagens mostram que esposa de Bosco Costa recebeu pelo menos R$ 75 mil de Maranhãozinho em 2020.

Já o filho do deputado teria atuado diretamente nas negociações para definir o destino de emendas e o desvio de recursos. Apesar das conclusões da PF, a PGR denunciou Thales, mas não denunciou Maria Rivandete. A 1ª Turma do STF deve analisar no próximo dia 25 de fevereiro se aceita ou não a denúncia contra todos os acusados pela PGR. Eles são acusados de corrupção passiva e organização criminosa.

Defesa nega acusações. Diz que ele "não é autor de nenhuma emenda parlamentar destinada ao município de São José do Ribamar-MA, o que pode ser facilmente comprovado a partir da análise dos documentos do processo". Além disso, diz que "os depósitos bancários em contas de titularidade de Thelles e Rivandete não guardam qualquer relação com a destinação de emendas parlamentares". Ressalta que "um deles, inclusive, foi realizado antes da destinação da emenda objeto do processo".

Diante desses elementos, tomou-se possível visualizar um subnúcleo criminoso destinado à lavagem de dinheiro, composto por familiares do Deputado Federal BOSCO COSTA. A sua esposa, MARIA RIVANDETE ANDRADE, é quem recebe/oculta o dinheiro do esquema criminoso. O seu filho, THALES ANDRADE COSTA, além de também receber/ocultar, ainda tem papel ativo na negociação.
Trecho do relatório final da PF sobre o envolvimento de parentes do deputado Bosco Costa

'Paraíso para desvio de emendas'

Ao concluir a investigação, a PF chama o Maranhão de 'paraíso para desvios de emendas'. Investigadores viram com estranheza o fato de parlamentares como Bosco Costa (na época dos fatos investigados, ele ainda era deputado), que é do Sergipe, ter destinado uma emenda de R$ 4,1 milhões para um município do interior do Maranhão.

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Emendas são recursos públicos que deputados e senadores podem indicar para auxiliar na realização de obras e políticas públicas. Investigação da PF, porém, identificou que mecanismo estava sendo desvirtuado para que parlamentares recebessem de volta 25% dos valores que indicavam para o município de São José do Ribamar.

Essa atuação causa ainda mais estranheza se levarmos em consideração que o referido parlamentar foi eleito pelo Estado de Sergipe, porém encaminha emendas de alto valor para o Maranhão (base da ORCRIM), indicando que este Estado pode ter se tomado um 'paraíso' para o desvio de emendas parlamentares.
Trecho do relatório final da PF

Crime aconteceu entre janeiro e agosto de 2020. Na época, os deputados, com auxílio de outras seis pessoas e o então prefeito José Eudes Sampaio Nunes, destinaram R$ 6,6 milhões para o município e, em troca, teriam R$ 1,6 milhão de retorno.

Cidade recebeu três emendas dos deputados entre dezembro de 2019 e abril de 2020. Os valores foram enviados pelos deputados e seriam destinados para a área da saúde. Confira:

  • R$ 4,1 milhões foram destinados por Bosco Costa;
  • R$ 1,5 milhão foi destinado por Josimar Maranhãozinho;
  • R$ 1 milhão foi destinado pelo Pastor Gil.

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