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Josias: Lula derramará petróleo sobre COP30 se demitir presidente do Ibama

O presidente Lula (PT) caminhará na contramão de sua pretensão de fazer o Brasil um líder mundial na questão climática caso demita Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quinta (13).

Lula criticou o Ibama e classificou como "lenga-lenga" o processo de licenciamento para exploração de petróleo na costa do Amapá. Servidores do órgão se irritaram com as declarações do presidente e citaram "interferência política" do petista no trabalho do instituto.

Lula apresentava 2025 como um 'ano de ouro' porque recepcionará no Brasil os chefes de Estado dos países do Brics e também se vangloriava pelo país ter sido premiado com a COP30, que é a cúpula climática da ONU. Também virão ao Brasil chefes de Estado do mundo inteiro.

Já há um problema com a posse de Donald Trump, um sinal de que os EUA não participarão da COP30. Trump está conspirando contra o esforço ambiental para a transição energética. Nesse ambiente, demitir o presidente do Ibama em um contexto no qual o presidente frequenta um polo da disputa, que é favorável à exploração petrolífera, não faz o menor nexo.

Você derramará petróleo sobre a cúpula climática que o Brasil vai sediar. O país chega com um discurso desconexo. Lula estaria na contramão desse esforço. Demitir Rodrigo Agostinho seria um tiro de bazuca no próprio pé.

Já seria um prejuízo grande se o presidente do Ibama saísse voluntariamente. Se Lula demiti-lo, o prejuízo é maior ainda, com um eventual desdobramento. Como reagirá a ministra Marina Silva, que é a superior hierárquica do presidente do Ibama? Ela reagirá passivamente e ficará inerte diante de uma eventual exoneração? Josias de Souza, colunista do UOL

Josias avaliou que Lula corre risco de abrir uma crise em seu governo caso mantenha o discurso contraditório em relação à questão ambiental.

Espera-se que Lula tenha um mínimo de bom senso. Ele até arrumou um discurso bonitinho, dizendo que 'precisamos explorar o petróleo porque a renda será usada para financiar a transição energética'. É uma forma de justificar o injustificável.

O presidente foi eleito e tem o direito de eventualmente explorar o petróleo que exista na foz do Amazonas. Que ele faça isso de forma técnica, aguardando a posição do Ibama. A Petrobras já ofereceu ao instituto as informações que lhe foram requisitadas. Não custa nada ao Lula esperar e encontrar argumentos técnicos que justifiquem sua decisão política.

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Se fizer isso produzindo uma crise, vai derramar petróleo sobre uma cúpula climática da qual se orgulhava tanto. Lula chegaria a ela sem discurso. É preciso que se rearrume em cena. No momento, ele não está bem posto. Josias de Souza, colunista do UOL

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