Josias: Kakay diz o óbvio; Lula se rendeu ao centrão e não se ajuda
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As críticas feitas pelo advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ao atual mandato do presidente Lula (PT) traduzem a realidade e reforçam como o petista está isolado no governo, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça (18).
Em texto divulgado em grupos de políticos e aliados do governo, Kakay disse que "é outro Lula que está governando" e que o presidente "está capturado". Aliado histórico do presidente, o advogado declarou ao UOL que "algumas coisas nesse governo estão precisando mudar".
A carta tem repercussão porque não é um advogado qualquer. Kakay é muito influente e tem relações com petistas, mas está dizendo meio que o óbvio. Lula está capturado porque o centrão o capturou, como fez com todos os presidentes desde Fernando Henrique Cardoso. Depois do orçamento secreto, instituído sob Bolsonaro, aí mesmo o centrão captura os presidentes.
Lula disse que se livraria desse jugo do centrão e, ao contrário, rendeu-se a ele. O que se argumenta é que não havia outra saída; ou faz isso ou não governa. A questão é que ele nem tentou se livrar disso.
Vários partidos do centrão têm ministérios. Alguns têm até três, como o PSD do Gilberto Kassab, que nem por isso deixa de dizer que se Lula disputasse a eleição hoje perderia. Outros dirigentes do centrão estão dizendo a mesma coisa. E o Lula não se ajuda.
De fato, o presidente está enfrentando uma situação adversa. As pesquisas estão aí para mostrar e ele não consegue se livrar disso. Levou para a Secom o Sidônio Palmeira, que o mandou para a avenida. Lula está desfilando pelos estados e dando entrevistas, só que está sem samba-enredo e falando uma bobagem hoje e outra amanhã. As declarações dele contribuem para corroer sua imagem. Josias de Souza, colunista do UOL
Para Josias, Lula amenizaria sua situação caso promovesse uma ampla reforma ministerial e trouxesse pessoas mais capacitadas para determinadas pastas. Porém, a relação de dependência com o centrão deixa o presidente sem saída.
O que Kakay diz é real, no sentido de que o presidente enfrenta problemas que não são comezinhos. Ele está enfrentando a pior impopularidade de suas três presidências, segundo o Datafolha. A avaliação dele hoje é menor do que a da época do escândalo do mensalão. Isso não é trivial.
O presidente está isolado. Aproximar-se do centrão não resolverá o problema dele. Ninguém vai entrar em um barco se pressentir que ele está afundando. Arthur Lira [ex-presidente da Câmara] tratou Lula como o comandante de um Titanic prestes a bater em um iceberg em 2026. Esse é o quadro.
Lula precisaria de uma revolução que não é capaz de entregar. Esse diagnóstico do isolamento é real, mas as pessoas com as quais Kakay gostaria que Lula conversasse não resolverão o problema dele. E as pessoas com as quais Lula precisa falar, que são as do centrão, podem aprofundar o seu problema.
Hoje, Lula precisaria fazer uma reforma ministerial que deixasse sua equipe acima de qualquer suspeita, livrando-a de personagens como Fufuca [ministro do Esporte] e o ministro das Comunicações indiciado por corrupção e lavagem de dinheiro [Juscelino Filho]. Mas ele não fará isso; se tirar um Fufuca, colocará outro. O remédio que Kakay imagina que Lula deveria tomar talvez seja mais veneno do que uma cura. Josias de Souza, colunista do UOL
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