'Núcleo crucial', 'ações táticas': PGR separou denunciados em 5 grupos

A PGR (Procuradoria-Geral da República) separou em cinco grupos os 34 denunciados nesta terça-feira (18) por tentativa de golpe de Estado. Cada grupo tinha uma função diferente no esquema, de acordo com as investigações.

O que aconteceu

A divisão visa "otimizar o andamento processual", justificou a PGR. O órgão entende que assim será mais fácil para a Justiça analisar os casos em questão.

Os grupos são:

  • núcleo crucial da organização criminosa: 8 integrantes
  • coordenação do emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no poder: 6 integrantes
  • disseminação de desinformação: 8 integrantes
  • ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe: 7 integrantes
  • monitoramento e neutralização de autoridades públicas: 5 integrantes

Jair Bolsonaro (PL) integra o "núcleo crucial da organização criminosa", segundo a denúncia. Nele, também estão os ex-ministros Braga Neto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (GSI), o ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem, o ex-ajudante de ordens da presidência Mauro Cid e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Segundo a PGR, deles partiram "as principais decisões e ações de impacto social" narradas na denúncia.

O segundo grupo tem um general e o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Além de Mário Fernandes e Silvinei Vasques, os denunciados são o ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal Fernando Oliveira, os ex-assessores da presidência Filipe Martins e Marcelo Câmara e a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília Alencar

O terceiro grupo tem oito envolvidos em "operações estratégicas de desinformação". Nele, estão o capitão Ailton Barros, o major Angelo Denicoli, o subtenente Giancarlo Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Almeida e o coronel Reginaldo Abreu — todos do Exército. Além dos militares, estão o engenheiro Carlos Moretzsohn, o policial federal Marcelo Bormevet e o influenciador Paulo Figueiredo Filho, neto do general João Figueiredo, último presidente da ditadura.

Eles propagaram notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo. Todos estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia de suas ações para a promoção de instabilidade social e consumação da ruptura institucional
Trecho da denúncia da PGR

O quarto grupo era formado por militares. Os coronéis Bernardo Correa Netto, Cleverson Magalhães, Fabrício Bastos, Márcio Resende Júnior, o general Nilton Rodrigues, o major Sergio Medeiros e o tenente-coronel Ronald Araújo Junior são citados como executores de "ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe".

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Por fim, o quinto grupo era formado por militares do Exército. O general Estevam Cals, os tenentes-coronéis Hélio Lima e Rodrigo Azevedo, o major Rafael de Oliveira e o policial federal Wladimir Soares estavam a cargo do plano de "monitorar e neutralizar autoridades. De acordo com a investigação da Polícia Federal, havia um plano para assassinar Lula, Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Denúncia é novo revés para Bolsonaro

Bolsonaro está inelegível desde junho de 2023. Na ocasião, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) considerou por 5 votos a 2 que uma reunião dele com embaixadores quando ocupava a presidência (na qual houve ataques à credibilidade do sistema eleitoral) justificava seu afastamento de disputas até 2030.

Apesar da situação, Bolsonaro afirmou em vários momentos que pretendia se candidatar em 2026. "O candidato sou eu", disse ele em entrevista em novembro, na qual se apresentou como único nome da direita com chances de ser eleito. "O plano A sou eu, o plano B sou eu também e o plano C sou eu", disse em dezembro.

Ex-presidente foi indiciado por tentativa de golpe em novembro. A PF reuniu indícios de que Bolsonaro e apoiadores organizaram ataques ao sistema eleitoral, difundiram desinformação e incitaram militares a aderir à conspiração. A denúncia apresentada hoje é um desdobramento desse indiciamento.

Levantamento do Paraná Pesquisas apontou que Bolsonaro poderia vencer Lula no 2º turno em 2026. O ex-presidente alcançou 45,1% das intenções de voto — contra 40,2% do petista — em pesquisa contratada pelo PL e realizada com 2.010 eleitores entre os últimos dias 13 e 16.

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Em nota, defesa de Bolsonaro chama denúncia de inepta e diz que recebeu notícia com indignação."A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade", diz o texto.

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