Polícia apura se ex-prefeito pagou R$ 85 mil em fuzil para atentado forjado

A Polícia Civil de São Paulo investiga se foi o ex-prefeito de Taboão da Serra (SP) José Aprígio (Podemos) quem pagou os R$ 85 mil empregados na compra do fuzil usado no atentado forjado contra ele.

O que aconteceu

Informação sobre pagamento do valor foi dada por delator em acordo de colaboração premiada. A delação foi firmada junto ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que atua junto nas investigações com a polícia, e homologada pela Justiça.

Delegado responsável pelo caso afirmou ao UOL que ainda não é possível atestar se valor foi pago por Aprígio. Há suspeita, no entanto, de que o pagamento tenha partido do ex-prefeito. Segundo o titular da seccional de Taboão, Hélio Bressan, os investigadores vão tentar identificar a origem do dinheiro usado na compra da arma.

Delator revelou que secretários de Aprígio negociaram pagamento de R$ 500 mil a atiradores e comparsas. As informações da colaboração e outras provas colhidas pela investigação deram origem à Operação "Fato Oculto", deflagrada ontem pela polícia e MP-SP contra suspeitos de participação no ataque forjado.

Uma pessoa foi presa em flagrante e outra está foragida. Também foram apreendidos mais de R$ 320 mil em dinheiro - deste valor, R$ 304 mil foram só na casa de Aprígio —, além de armas, computadores e celulares.

Ex-prefeito e mais dez pessoas são investigadas. A polícia apura agora quem teriam sido os reais mandantes do ataque. Além de Aprígio, também são alvos da investigação um sobrinho dele, outros três ex-secretários municipais e mais seis suspeitos de envolvimento no planejamento e execução do atentado.

MP-SP e Polícia Civil concluíram que ataque a tiros foi forjado. Para os investigadores, o atentado foi planejado para sensibilizar a população em meio ao segundo turno da eleição municipal no ano passado. Na ocasião, Aprígio aparecia em desvantagem nas pesquisas para Engenheiro Daniel (União Brasil), que acabou vencendo a disputa.

Aprígio negou participação no esquema. Em nota divulgada ontem por sua defesa, ele se disse surpreendido com os desdobramentos das investigações. Os advogados do ex-prefeito voltaram a dizer que ele foi vítima do ataque. "José Aprígio é vítima, sofreu um tiro com armamento pesado em outubro de 2024 que, por sorte, não ceifou a sua vida", diz trecho da nota.

Há indícios de participação de Aprígio

Em entrevista coletiva ontem (17), delegado disse que investigação apontou indícios. "Não há ainda como eu afirmar categoricamente que ele estava participando disso. A gente tem os indícios, algumas coisas que são... [sic] Não vou dizer estranho, mas, assim, fogem da normalidade. Mas ainda não tenho uma prova cabal para dizer assim: 'Olha, ele participava disso'. Não posso falar", afirmou Hélio Bressan a jornalistas.

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Ex-prefeito foi baleado no ombro em 18 de outubro, enquanto voltava de agenda oficial em bairros atingidos pela chuva. Na ocasião, o carro oficial em que ele estava foi alvejado. O então prefeito foi encaminhado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade para receber os primeiros socorros e, em seguida, foi transferido ao Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Ex-prefeito esteve em "alto grau de vulnerabilidade por diversas vezes" no dia do atentado e polícia desconfia desse comportamento. "Se era para fazer um atentado contra o prefeito, ele esteve em alto grau de vulnerabilidade por diversas vezes naquele dia e os indivíduos estavam na região, estavam próximos e ninguém atirou. Quer dizer, ele estava fora do carro. Aquilo já começou a deixar uma suspeita maior para a gente. Ficou difícil de você conseguir acreditar que, se era para efetivamente ceifar a vida dele, por que que não aproveitaram quando ele estava fora do veículo?", questionou Bressan.

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