'Sem anistia' e 'perseguição': políticos reagem a denúncia contra Bolsonaro
Ler resumo da notícia
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) e da base do governo do presidente Lula (PT) repercutiram a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ex-presidente feita nesta terça-feira (18).
O que aconteceu
Líder do governo no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AM) afirmou que Bolsonaro "finalmente" foi denunciado. "Após o indiciamento da Polícia Federal, Jair Bolsonaro é finalmente denunciado pela PGR. Agora pode virar réu, com direito a ampla defesa. É acusado de organização criminosa, tentativa de golpe e abolição da democracia. Se condenado, pode pegar até 28 anos de cadeia. Tarda, mas não falha", disse o parlamentar, em publicação no X.
Além do ex-presidente, militares foram denunciados pela procuradoria. Bolsonaro é acusado de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
No lado da oposição, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fala em "denúncia vazia" e que não há prova contra o pai. "A tentativa de golpe nos prédios públicos vazios virou uma denúncia vazia, que não tem absolutamente nenhuma prova contra Bolsonaro. Mesmo depois de Alexandre de Moraes ter esculachado o Ministério Público Federal na fabricação dos inquéritos e torturado Mauro Cid para 'delatar' o que não existiu, o PGR se rebaixa".
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do partido no Congresso, disse ao UOL que não há surpresas. "Um golpe que não houve. Uma revolta popular sem liderança e por pessoas desarmadas. Um ex-presidente ausente do país depois de nomear ele próprio os chefes da força previamente escolhidos pelo seu sucessor. Militares que prenderam manifestantes e não se envolveram em golpe algum. E um presidente empossado que permitiu uma baderna, omitindo-se."
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que agora é "julgamento e prisão". "Essa turma que tentou dar esse golpe tem que ser punida. Eu fico lembrando dos assassinos do Rubens Paiva, na ditadura militar, ninguém foi punido. Agora, tem que ser punido os militares e o autor intelectual: Jair Messias Bolsonaro."
Junto do parlamentar, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que não é para ter anistia. "Sem anistia. E com a prisão de Bolsonaro, que é o lugar onde ele merece estar, o que eles fizeram não foi pouca coisa contra o Brasil, como não aceitar o resultado das urnas e tramar o assassinato do presidente, do vice e do ministro do Supremo é muito grave."
Liderança da oposição na Câmara dos Deputados repudiou denúncia. O deputado federal Zucco (PL-RS) alega que a denúncia "carece de fundamentação jurídica sólida e parece estar alicerçada em interpretações subjetivas". "A celeridade com que a Polícia Federal concluiu o inquérito e encaminhou relatório ao STF, sem a devida observância dos direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa, suscita questionamentos acerca da imparcialidade e da isenção necessárias em investigações dessa natureza.", afirmou ele, em comunicado.
Rejeitamos com firmeza qualquer tentativa de criminalização de sua trajetória política e denunciamos essa ação como uma ofensiva seletiva com motivações que transcendem o campo jurídico. Seguiremos vigilantes e atuantes na busca pela verdade e pela justiça, garantindo que nenhum brasileiro - especialmente um ex-chefe de Estado - seja alvo de perseguição política disfarçada de procedimento legal.
Deputado federal Zucco, líder da oposição na Câmara
Outras reações no Congresso
O PT se dividiu para reagir a denúncia da PGR. A deputada Camila Jara (PT-MS) disse que ela está no grupo que atuará no plenário na guerra de discursos contra deputados bolsonaristas.
O outro grupo fará declarações à imprensa. A divisão foi decidida durante reuniões do partido ideia é amplie a repercussão do pedido de ação penal contra Bolsonaro.
A orientação é reforçar que houve crime. Haverá esforço para repassar as informações de forma simples para ficar fácil.
Deputados do PL minimizam denúncia. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) disse que houve uma "denúncia iFood". Ele alegou que o documento foi produzido sob encomenda do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e atende a demanda do Palácio do Planalto.
O deputado Eli Borges (PL-TO) afirmou que não haverá dano à imagem de Bolsonaro. Ele falou que o ex-presidente já foi muito "esfolado" e nada colou nele. O parlamentar é uma das principais vozes da bancada evangélica e acrescentou que estes deputados continuam com Bolsonaro.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) declarou que a denúncia é vazia. Bolsonarista raiz, o parlamentar avalia que os eleitores militantes não levarão a acusação em conta e estarão na manifestação convocada pela direita em 16 de março pedindo anistia.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.