Bolsonaro pediu inserção de dados falsos em seu cartão de vacina, disse Cid

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O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em delação premiada, cujo sigilo foi retirado nesta quarta-feira (19), que recebeu ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 em seu nome.
O que aconteceu
Em depoimento, Cid disse que os dados falsos foram inseridos nos sistemas do Ministério da Saúde. As informações falsas foram inseridas nos nomes de Bolsonaro e de sua filha, Laura Firmo Bolsonaro. O ministro do STF Alexandre de Moraes retirou hoje o sigilo do conteúdo da delação.
Cid confirmou ainda que os certificados foram impressos e entregues nas mãos do ex-presidente. O tenente-coronel relatou ainda a participação dos investigados Max Guilherme, Sérgio Cordeiro e Ailton Barros na inserção dos dados falsos e emissão de certificados.
A inserção de dados falsos no sistema se insere em um dos cinco eixos de atuação da suposta organização criminosa apontada pela Polícia Federal. Entre eles, estão: ataques virtuais a opositores, ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à rigidez do processo eleitoral, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de direito, ataques às vacinas contra a covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.
Cid detalha falsificação em cartões de vacina
Na delação, Cid disse que em novembro de 2021 tentou conseguir um cartão de vacina falsificado em nome de sua esposa, Gabriela Cid. Na sequência, ele diz que pediu a uma pessoa referida como "Dos Reis" o cartão de vacinação falsificado. "Dos Reis" não teria conseguido inserir os dados no Sistema ConectSUS. Cid disse que pediu, então, apoio de um sargento que atuava na área médica.
Como o sargento também não teria conseguido inserir os dados, Cid disse ter pedido a inserção a Ailton Barros. Essa tentativa deu certo. Após obter o cartão falsificado para a esposa, pediu um cartão falso para ele e para suas filhas.
Após saber disso, Bolsonaro determinou que Cid conseguisse cartões falsos para ele próprio e sua filha, Laura Bolsonaro. Cid disse ainda que o objetivo era "obter os cartões de vacina para qualquer necessidade".
Em depoimento, Cid cita também que o coronel Marcelo Câmara soube dos fatos e rasgou os certificados do ex-presidente e sua filha. Câmara teria dito a Cid que "desfizesse as inserções". Diante disso, o tenente-coronel diz ter solicitado a Ailton que excluísse os registros do ex-presidente e de sua filha Laura.
Cid disse ter sido informado pelo ministro da Controladoria Geral da União que Bolsonaro havia se vacinado em São Paulo. Cid relata então ter ficado na dúvida uma vez que a cidade onde foram inseridas as vacinas não era São Paulo. A partir desse momento, Cid diz que passou a administrar a conta do ConectSUS do ex-presidente.
PGR avalia se vai denunciar Bolsonaro por vacina
Equipe do procurador-geral da República, Paulo Gonet, analisa se há provas suficientes para apresentar denúncias por suspeitas de fraudes em certificados de vacina. Gonet priorizou a denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado por considerar que havia elementos mais robustos para apresentar essa acusação contra o ex-presidente e outros nomes envolvidos.
Equipe de Gonet vai realizar a análise final dos casos das vacinas e das joias para definir o desfecho dessas outras investigações. A Polícia Federal havia indiciado o ex-presidente por crimes nos dois casos, sob acusação de Bolsonaro ter se beneficiado de certificados falsos de vacina contra covid-19 para viajar aos Estados Unidos.
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