Bolsonaro vai tentar desacreditar delação de Cid e denúncia da PGR
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Os bolsonaristas tentarão minimizar os impactos da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com duas estratégias: uma jurídica e outra para as redes sociais.
O que aconteceu
As duas passam pela delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Nesta quarta-feira (19), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes tirou o sigilo dos depoimentos.
A defesa de Bolsonaro vai argumentar que Cid foi obrigado a incriminar o ex-presidente. No ano passado, a revista Veja revelou que o ex-ajudante de ordens disse a pessoas próximas que suas declarações eram distorcidas pela Polícia Federal.
Outro ponto jurídico a ser explorado é a qualidade da acusação da PGR. O plano é falar que não há nenhuma gravação, mensagem de texto ou áudio ou ordem direta do ex-presidente para dar um golpe de Estado.
O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) disse que houve uma "denúncia iFood". Com a expressão, ele sugere que a PGR elaborou uma acusação encomendada por Moraes, que, na opinião dele, atua para beneficiar o presidente Lula.
Por fim, será questionado quem julgará Bolsonaro. Está previsto que seu processo fique com a Primeira Turma do STF. Ela é composta por cinco "ministros hostis a Bolsonaro", nas palavras de um deputado. Além de Moraes, são eles: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A defesa do ex-presidente vai insistir que o caso fique com o plenário da Corte. Essa preferência existe porque dois ministros indicados pelo ex-presidente teriam direito a votar: André Mendonça e Kassio Nunes Marques.
Os aliados acreditam que os dois serão favoráveis à absolvição de Bolsonaro. Além de evitar um veredicto unânime, a divergência reforçaria a tese de perseguição.
A estratégia foi revelada ao UOL por deputados que se reuniram com Bolsonaro na manhã de hoje. O encontro ocorreu na casa do líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), e cerca de 50 pessoas participaram, incluindo Jair Renan, filho do ex-presidente.
Bolsonaro entrou e saiu pela garagem, sem dar declarações.
Batalha na internet

A ordem é usar as redes sociais para tirar a credibilidade de Mauro Cid. Um deputado falou ao UOL que o tom a ser usado é de tratar o ex-ajudante de ordens como um "mentiroso".
A tática será colocada em prática em conjunto com a defesa jurídica. A intenção do jogo casado é manter a popularidade de Bolsonaro e a força política da direita conservadora.
O raciocínio é que conseguir desacreditar Cid ajuda bastante esta causa. A estratégia começa a ser colocada em prática nesta tarde. A oposição marcou uma coletiva na Câmara às 15 horas. O plano é levar muitos parlamentares e dar uma demonstração de que Bolsonaro não está isolado. O ex-presidente não deve participar.

Dobrando a aposta
Jordy afirmou que o ex-presidente tem direito de questionar as eleições. Na saída do encontro desta manhã, ele falou que a liberdade de expressão permite questionar a segurança da urna eletrônica.
Ele ainda chamou o STF de autoritário. Enquanto criticava o ministro Alexandre de Moraes, disse que o Brasil vive uma ditadura da toga.
O confronto vai na contramão do desejado pela defesa de Bolsonaro. O ex-presidente contratou o renomado advogado Celso Vilardi, que atuou na Lava Jato. O profissional tem interlocução com ministros do STF, e sua contratação sugeria a decisão de uma defesa técnica e de abandono da postura ideológica.
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