Bolsonaro ordenou monitoramento da localização de Moraes, disse Cid

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em delação premiada, que foi o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quem pediu a militares que monitorassem o ministro Alexandre de Moraes, do STF, em dezembro de 2022.

O que aconteceu

Cid afirmou que foi o próprio Bolsonaro "quem pediu para verificar a posição, a localização do ministro". Em um dos depoimentos de sua delação premiada, prestado à Polícia Federal em março do ano passado, Cid disse que Bolsonaro queria fazer "um acompanhamento" de Moraes

Trecho da delação foi revelado pela PGR (Procuradoria-geral da República). Ao apresentar a denúncia contra Bolsonaro e mais 33 pessoas, na noite da última terça (18) o órgão destacou a alegação de Cid de que a ordem partiu de Bolsonaro. Nesta quarta (19), Moraes tirou o sigilo de toda a delação de Cid.

Bolsonaro queria monitorar encontro do general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) com ministro do STF, segundo Cid. A delação aponta que Bolsonaro tinha a informação de que Mourão, à época vice-presidente e hoje senador, iria se reunir com Moraes em São Paulo, e queria verificar se aquela informação era verdadeira.

Cid disse não saber de outros motivos para o interesse de Bolsonaro sobre Moraes. Ele afirmou apenas que o monitoramento foi executado pelo coronel Marcelo Câmara, mas disse que "desconhece" que outras motivações o ex-presidente teria para monitorar o ministro do STF.

O depoimento não cita o suposto plano para matar Moraes. A PF revelou em novembro do ano passado que militares das Forças Especiais, os chamados kids pretos, teriam elaborado um plano para sequestrar ou assassinar o ministro do STF, e chegaram a rastrear o trajeto do ministro por Brasília. A delação de Cid, porém, não fez referência a esse caso

Moraes era identificado com o codinome de "professora". Esse termo aparece nas mensagens trocadas entre Cid e Câmara, em dezembro de 2022, que a PF usou como base para questionar o delator sobre o monitoramento do ministro do STF

UOL procurou a defesa de Bolsonaro para se manifestar sobre a delação de Cid. Se houver resposta, o texto será atualizado. Na terça (19), os advogados do ex-presidente afirmaram em nota que a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) é "precária e incoerente" e que não foram encontradas provas que o ligassem aos crimes mencionados na acusação.

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