Se provarem inocência, ficarão livres, diz Lula sobre denúncia de Bolsonaro

O presidente Lula (PT) disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) na terça-feira (18) vão ter oportunidade de provar sua inocência no processo.

O que aconteceu

A PGR denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-presidente é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

"No tempo em que eu governo o Brasil, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência", disse Lula à imprensa. "O processo agora vai para a Suprema Corte, e eles terão todo o direito de se defender."

Se eles provarem que não tentaram dar golpe, se eles provarem que não tentaram matar o presidente, o vice-presidente [Geraldo Alckmin] e o presidente do Superior Tribunal Eleitoral [Alexandre de Moraes], eles ficarão livres, poderão transitar pelo Brasil inteiro.
Lula, sobre a denúncia

Segundo a PGR, Bolsonaro sabia do plano de assassinato de Lula. A denúncia afirma que a ação ocorreu "ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições".

Lula preferiu não se alongar no assunto. "Se, na hora que o juiz for julgar, chegar à conclusão que eles são culpados, eles terão que pagar pelo acontecimento. Portanto, é apenas um indiciamento [na verdade, trata-se de denúncia]. É só isso, não posso comentar mais nada do que isso", afirmou.

É a primeira vez que o presidente fala da denúncia. Ela foi feita pela PGR na noite de ontem, enquanto Lula participava de um jantar no Itamaraty com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

PGR diz que Bolsonaro é líder de organização criminosa

A denúncia criminal contra o ex-presidente afirma que ele deu "auxílio moral e material" aos atos antidemocráticos. A PGR cita conversas dos denunciados antes do 8 de Janeiro. Em uma delas, no dia 4, Mauro Cid comentou com a mulher: "Se o EB [Exército Brasileiro] sair dos quartéis... é para aderir".

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É a primeira denúncia contra um ex-presidente da República por tentativa de atacar o Estado democrático de Direito. A acusação inédita teve como base o inquérito que investigou o ex-presidente e seus principais auxiliares, como os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, ambos generais da reserva do Exército.

Os denunciados programaram essa ação social violenta com o objetivo de forçar a intervenção das Forças Armadas e justificar um Estado de Exceção. A ação planejada resultou na destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União, incluindo bens tombados.
Trecho de denúncia da PGR

Em nota, a defesa de Bolsonaro chama a denúncia de inepta e diz que recebeu a notícia com indignação. "A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alterada, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade", diz o texto.

'Tiro quem eu quiser'

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O presidente desconversou ainda sobre uma possível reforma ministerial. A mudança de ministros, demanda do centrão em prol de uma melhora na relação com o Congresso e de possíveis acordos para 2026, é esperada para os próximos meses.

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Lula quer dois anos mais calmos. Com a troca das presidências do Congresso, o governo vê uma janela para melhorar as relações com o Parlamento e entende, como Lula não cansa de repetir publicamente, que atender a pedidos é parte crucial disso, em especial para o centrão, que domina as duas Casas.

Há muita gente de olho. O PSD tem se mostrado insatisfeito com a Pesca, de André de Paula, por considerá-la pequena, e explicitado o interesse por ministérios mais robustos, sob o argumento de que os outros dois partidos do centrão que hoje compõem o governo (MDB e União Brasil) têm essa força.

Lula também considera encaixar os ex-presidentes da Câmara e do Senado, mas o xadrez é complicado. O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), virtual candidato do governo em Minas Gerais (para que o PT tenha um bom palanque), tem podido escolher: indicou que não quer Minas e Energia, por exemplo. Opções para ele seriam o MDIC de Alckmin ou Justiça, mas isso dependeria de uma boa vontade de Ricardo Lewandowski, a quem o presidente respeita e não tiraria a contragosto.

'Não enviaremos tropas à Ucrânia'

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Lula refutou ainda que o Brasil poderia mandar tropas à Ucrânia. Ao lado do primeiro-ministro português, Luis Montenegro, ele repetiu que o país segue no posicionamento de paz entre os dois países e que defende que ambos estejam na mesa de negociação.

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"O Brasil não enviará tropa. O Brasil só mandará missão de paz", disse Lula. "Para negociar a paz, o Brasil está disposto a fazer qualquer coisa."

Esta é a posição que Lula tem defendido desde que assumiu. "Quando os dois países quiserem sentar para conversar sobre paz, nós estaremos na mesa de negociação se assim interessar aos países", repetiu.

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