Moraes mandou grampear celular de Cid após contradições em delação

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O ministro do STF Alexandre de Moraes chegou a determinar que o telefone do tenente-coronel Mauro Cid fosse grampeado em novembro do ano passado, após a Polícia Federal identificar "omissões e contradições" na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
O que aconteceu
Decisão de Moraes do dia 19 de novembro ordenou o monitoramento das linhas telefônicas de Cid. No mesmo dia, o tenente-coronel depôs à PF, e os investigadores enviaram um relatório ao ministro em que apontaram que o ex-ajudante de ordens "omitiu informações relevantes para o esclarecimento dos fatos investigados".
Ministro também determinou que PF monitorasse as visitas presenciais feitas ao tenente-coronel. As medidas foram decretadas até que Cid fosse ouvido em nova audiência para esclarecer as omissões apontadas pela PF no seu acordo de delação. Moraes avaliou que isso seria necessário para que os esclarecimentos fossem obtidos sem interferência de terceiros.
Relatório da PF a Moraes mostrou que Cid omitiu informações sobre plano para matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes. Além disso, ele foi questionado pelos investigadores sobre uma estratégia montada pelos golpistas para monitorar o ministro do STF, mas deu informações consideradas insuficientes.
"Ocorre que o avanço das investigações relevou que os militares Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima [que estariam na reunião] tiveram participação relevante dentro do contexto de planejamento operacional realizado pela organização criminosa para a consumação de um Golpe de Estado. A investigação identificou troca de interações diretas entre os investigados e Mauro Cid, o que demonstra que o colaborador tinha ciência das ações levadas a efeito"
Trecho de relatório da PF a Moraes
Cid também negou que havia sido procurado por investigado para dar detalhes de sua delação. O tenente-coronel viria a admitir depois que o general Walter Braga Netto buscou familiares dele para saber o conteúdo da colaboração, o que motivou a prisão do ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
Por causa de omissões, PGR chegou a pedir que Cid voltasse à prisão. "A prisão preventiva afigura-se, assim, como única medida capaz de garantir a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal", diz parecer de 19 de novembro do procurador-geral da República, Paulo Gonet. O pedido, no entanto, não chegou a ser apreciado na decisão de Moraes.
Em 21 de novembro, Cid prestou novo depoimento ao STF. Na oitiva, ele prestou esclarecimentos sobre as omissões apontadas pela PF. Após a audiência, Moraes manteve os termos da delação.
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