Para deputados do PT, denúncia esvaziou tese da anistia no 8 de Janeiro
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A afirmação da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que Jair Bolsonaro esteve à frente de uma tentativa de provocar caos social para abrir espaço a uma intervenção militar derruba a tese da anistia na visão de deputados petistas.
O que aconteceu
A denúncia da PGR fala que a invasão às sedes dos Três Poderes pretendia fornecer meios para um golpe. "Os denunciados programaram essa ação social violenta com o objetivo de forçar a intervenção das Forças Armadas e justificar um Estado de exceção."
A descrição vai na contramão do discurso bolsonarista sobre anistia. Parlamentares e lideranças da direita conservadora sustentam que foi praticado vandalismo, mas que não houve liderança e a intenção não era um golpe - que o que havia era uma revolta por uma suposta perseguição a Bolsonaro.
Presidente do PT diz que a PGR esvaziou o argumento bolsonarista. A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) acrescentou que houve uma longa investigação da Polícia Federal, delação premiada de gente próxima a Bolsonaro (tenente-coronel Mauro Cid) e a acusação partiu de um procurador considerado moderado.
Com a denúncia da PGR eu acho que o argumento deles está bem fragilizado. Deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Deputados fazem coro
Líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (PT-AP) defende sepultar a anistia. Mas ele lamentou que um ex-presidente esteja envolvido neste tipo de situação. "Não é bom ter um presidente denunciado por atentado à democracia que o elegeu."
Vice-líder do PT, o deputado Rogério Correia (MG) não vê condições morais da anistia avançar. Ele justificou que desde a CPI do 8 de Janeiro surgem indícios de tentativa de golpe promovida por Bolsonaro.
O parlamentar disse que o plano de matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes tornou tudo mais grave. Para Rogério Correia, a partir desta revelação das investigações da PF não é razoável perdoar a tentativa de impedir Lula de governar.
Mudança de foco
A denúncia colocará Bolsonaro como foco de notícias negativas. A avaliação é da presidente do PT. Gleisi admite que a acusação contra o ex-presidente ocorre em momento de notícias ruins para o governo Lula.
Correia disse que cabe aos deputados e senadores manter a denúncia contra Bolsonaro em alta. Ele afirmou que parlamentares devem mobilizar movimentos sociais e a sociedade para que o assunto não caia no esquecimento.
Deputado acrescenta que prolongar a agenda negativa de Bolsonaro favorece o Planalto. Correia justifica que o foco na direita permitirá ao presidente Lula ter tempo e um ambiente menos hostil para domar a inflação e resolver outros problemas que minam sua popularidade.
O líder do PSB, Pedro Campos (PE), declarou que o foco sobre a baixa popularidade do governo Lula pode diminuir na Câmara. O deputado acredita, no entanto, que a polarização entre governo e oposição deve aumentar nos próximos dias.
O carnaval é visto como ponto de inflexão. Parlamentares da direita avaliam que a população vai "desligar das notícias" por cinco dias. Voltará a procura de novas notícias e a oposição vai ter nas manifestações contra Lula em 16 de março assunto para preencher este espaço.
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