Bolsonaro chama acusação de 'denúncia Disney' e diz: 'Caguei pra prisão'

Falando para uma plateia amistosa durante um evento do PL em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro atacou a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) em que foi acusado de planejar um golpe de Estado.

O que aconteceu

O ex-presidente abriu seu discurso falando do assunto. Começou citando o tamanho do relatório da investigação da Polícia Federal, que tem mais de 800 páginas. "Quem escreve muito não tem o que mostrar".

Voltou ao assunto mais tarde e chamou a acusação de "denúncia Disney". Bolsonaro mencionou que estava nos Estados Unidos na época dos atos antidemocráticos, em 8 de janeiro de 2023. "Desde 19, [eu] articulava ao desacreditar o sistema eleitoral e dar um golpe. O golpe da Disney, porque eu tava lá com Pato Donald e o Mickey", ironizou.

Na sequência, o ex-presidente perguntou se houve fraude na eleição de 2018. O público respondeu que sim, apesar de Bolsonaro ter vencido aquela disputa. O ex-presidente lançou suspeitas à Justiça Eleitoral ao fala que foi aberta investigação para retirá-lo da presidência e colocar Fernando Haddad (PT) em seu lugar.

Nada têm contra nós a não ser narrativas. Investiram pesadamente agora nessa última: golpe. Quando há uma tentativa de golpe ou golpe em qualquer lugar do mundo, em poucos minutos todos ficam sabendo
Jair Bolsonaro

Sem medo de prisão

Foram 33 minutos de discurso. Bolsonaro mencionou as investigações e os problemas com a Justiça em muitos momentos. Em um deles, disse: "caguei para prisão". O público respondeu na hora, e o coro de "mito" começou na mesma hora.

O tempo todo: vamos prender Bolsonaro. Caguei pra prisão
Jair Bolsonaro

Esta foi a primeira aparição do ex-presidente desde a denúncia. Na terça, a PGR pediu abertura de ação penal contra ele pelos seguintes crimes:

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  • Organização criminosa;
  • Dano contra o patrimônio da União;
  • Deterioração de patrimônio tombado;
  • Golpe de estado;
  • Abolição violenta do Estado de Direito.

Desde antes da denúncia, Bolsonaro diz que não tem medo da prisão. O discurso foi repetido na terça-feira, quando esteve num almoço no Senado, poucas horas antes de a acusação ser apresentada.

Mas a prática é diferente das declarações. Quando a imprensa perguntou sobre a investigação, o ex-presidente se exaltou e elevou o tom de voz. "Olha para mim e vê se estou preocupado", falou de forma ríspida.

Clima de campanha

O ex-presidente falou muito mais tempo que o normal. Ele costuma fazer discursos de 15 minutos no máximo e ultrapassou este limite mesmo com a tosse indicando que a garganta estava reclamando.

Bolsonaro afirmou que tem a casca grossa para enfrentar o STF e a esquerda. A linha da fala foi no sentido de combater o sistema, algo muito semelhante ao que fez na campanha presidencial e 2018.

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Houve também comparação a Donald Trump. De acordo com Bolsonaro, há muitas semelhanças entre ambos. Ele lembrou que os dois foram vítima de tentativa de assassinato, são contrários a pauta identitária e perderam a eleição na tentativa de reeleição.

O ex-presidente sugeriu que pode ter o mesmo destino de Trump. Bolsonaro ressaltou que o norte-americano voltou a presidência e deixou no ar a possibilidade de que pode acontecer o mesmo com ele. Mas em nenhum momento ele se colocou como candidato em 2026.

O evento teve clima de campanha. Jingles de Bolsonaro eram tocados nos intervalos dos discursos, o túnel de entrada mostrava imagens e frases marcantes do ex-presidente e as falas eram inflamadas.

O público se comportou como se estivesse num comício. Puxou coro, ressuscitou a marca de mito e aplaudiu o tempo todo. Em determinados momentos ouviu gritos de "volta Bolsonaro".

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