Após ouvir ministros, Lula cancela reunião com empresários sobre alimentos

O presidente Lula (PT) cancelou a participação na reunião com empresários do setor de alimentos hoje para debater alternativas para queda nos preços, no Palácio do Planalto, depois de ouvir as propostas dos ministros.

O que aconteceu

A expectativa era que Lula comandasse a reunião. Após um primeiro encontro nesta manhã, o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, prometeu anúncios ainda hoje. Ele disse que o presidente primeiro ouviria as propostas dos ministros e, depois, falaria com empresários —as presenças foram confirmados pela agenda oficial, atualizada na hora do almoço.

A participação foi cancelada depois do primeiro encontro, quando ouviu o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Fávaro e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. A Secom (Secretaria de Comunicação) não informou o motivo da desistência, embora ele siga no Planalto, sem agenda oficial.

Também não há mais certeza de anúncio hoje, apesar de a redução de precos ser considerada "prioridade zero" do governo. O Planalto vê a alta dos preços como o principal fator para as sucessivas quedas de popularidade de Lula —pesquisas mostram que 8 a cada 10 brasileiros já sentem esta pressão— e avalia que o quadro só será revertido com diminuição do peso do bolso

Soluções para 'ontem'

Comida estar entre os principais vilões da inflação atualmente. Dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apontam que alimentos e bebidas subiram 5,4% nos últimos cinco meses, alta acumulada que supera a inflação de todo o ano de 2024 (4,83%).

Lula tem pressionado ministros por soluções para "ontem". Só em janeiro, houve variação de 1,07% dos produtos consumidos no domicílio, puxada pelos preços da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%).

O desafio do governo é diminuir o preço tentando alinhar expectativa da indústria, do mercado e dos pequenos produtores. Mais cedo, Fávaro não adiantou nenhuma medida, mas havia prometido de manhã que "hoje, [Lula] bate martelo". O presidente tem reclamado que muitas ideias são vazadas para a imprensa antes de serem chanceladas.