Tales: Para área econômica, só ajuste resolve preço dos alimentos
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Dois ministros da área econômica do Governo Lula (PT) —Fernando Haddad e Simone Tebet— ficaram de fora da reunião sobre o preço dos alimentos porque já haviam dado o seu diagnóstico ao Planalto, apurou o colunista Tales Faria para o UOL News, do Canal UOL, nesta sexta-feira (7).
O que foi dito pela área econômica ao governo foi o seguinte: 'é claro que eventos climáticos externos aumentam os preços, como o do café e os ovos, por exemplo, mas decisivo mesmo é o câmbio, com 'efeito Donald Trump', e tem também o problema fiscal'. Segundo essas pessoas com quem eu conversei, por causa desse diagnóstico, a área econômica foi posta no papel secundário nessa reunião de ontem. Tales Faria, colunista do UOL
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), se encontrou com ministros e auxiliares em mais uma reunião de trabalho para tratar sobre medidas para o enfrentamento da inflação de alimentos. Para esta reunião, no entanto, foram sentidas as ausências de integrantes importantes da Fazenda —Fernanda Haddad comanda a pasta— e do Planejamento —atualmente, a ministra é Simone Tebet. Foram enviados apenas dois secretários da Fazenda.
Após o encontro, o governo anunciou seis medidas para tentar baixar os preços dos alimentos: em uma delas, por exemplo, Alckmin informou que dez produtos terão alíquota zerada para importação por tempo indeterminado. A alta dos preços tem impacto direto na queda da popularidade de Lula.
O Planalto sabe das razões fiscais e dos juros na alta dos alimentos, mas não quer mais ouvir falar do assunto nas discussões internas. Queria uma solução mais imediata. A área econômica temia que, com a reunião, o governo faria subsídios, soltar mais dinheiro, mas, no fim das contas, avalia que as decisões de ontem não prejudicaram tanto assim a questão fiscal. A redução de impostos de importação são uma perda de receita, mas com baixo impacto fiscal.
Agora o que vai impactar mesmo nos preços é o efeito Trump no mundo, os juros aqui dentro e suas consequências sobre a inflação em geral. Isso que impactará o preço dos alimentos. E só, daqui a 30 ou 60 dias, as medidas de hoje terão efeitos sobre uma possível redução da inflação de alguns produtos. Mas não de todos.
Negócio envolvendo commodities são compras do médio prazo e muitas já foram feitas. O impacto é mais pedagógico e serve para evitar especulação de preços. O que já é um ganho. Tales Faria, colunista do UOL
Economista: 'É um PIB que se fantasia de pibão'
O crescimento da economia brasileira de 3,4%, em 2024, não é considerado um número desprezível, mas o cenário apresentado nos dois últimos trimestres revela que o crescimento esperado para 2025 pode não ser tão promissor assim, analisou a economista e professora do Insper Juliana Inhasz no UOL News.
Então, é um PIB que se fantasia de 'pibão' e, na verdade, é um 'pibinho'. Julianha Inhasz, economista
O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,4% no ano passado, na comparação com 2023, totalizando assim R$ 11,7 trilhões. É considerada a maior taxa anual desde 2021. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado anual, no entanto, ficou abaixo do projetado pelo Banco Central. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), indicador divulgado pelo BC e conhecido por antecipar o comportamento do PIB, sinalizou um crescimento de 3,8% da economia nacional em 2024.
A questão é que, primeiro, esse crescimento, esse tipo de medida ou essa forma de crescer, é bem complexa. Complexa, porque a gente não sabe fazer isso para sempre. A gente tem um problema fiscal grande que não conseguimos resolver. O governo, inclusive, mostra que o baixo comprometimento continua existindo. Esse crescimento das despesas correntes do consumo do governo mostra isso. E o PIB desacelerou bastante no terceiro e no quarto trimestre.
Então é aquele PIB que vem alto, relativamente o número é bom. A gente não está falando que 3,4 é desprezível... porém, a gente vê nos últimos dois trimestres uma desaceleração e uma perspectiva de que esse ano de 2025 seja um ano em que a gente vai crescer muito menos. Juliana Inhasz, economista
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