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Sakamoto: Brasileiros que pregam 'America First' agem como poodles de Trump

O bolsonarismo revela seu patriotismo de fachada ao se alinhar à política protecionista de Donald Trump e deixar de lado os interesses brasileiros, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça.

No dia 1º de março, a Casa Branca abriu um processo para investigar um possível comércio "desleal" de madeira para os EUA. A medida pode afetar as exportações brasileiras e acarretar perdas bilionárias ao setor, principalmente nos estados da região Sul - onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Trump, foi o mais votado nas duas últimas eleições.

Ao sacrificar os interesses brasileiros diante dos Estados Unidos só para poder voltar ao poder, o bolsonarismo mostra que o seu patriotismo é de brincadeira. A extrema-direita brasileira se ajoelha ao Tio Sam, defendendo a política de tarifas a outros países, agindo como um poodle de Donald Trump.

Isso não é novidade. Jair Bolsonaro, durante seu governo, adorava dizer que falta patriotismo à sociedade civil brasileira. Usava a manjada teoria da conspiração de que a defesa dos direitos dos povos indígenas às suas terras abria caminho para a internacionalização da Amazônia. Mas é ele que dava provas que seu fetiche político-ideológico nos guiava para 'America First, Brazil later'.

Um exemplo eram os acordos favoráveis à economia norte-americana no etanol e no aço, com os quais Trump tentou ganhar votos com os produtores dos EUA em seu primeiro mandato.

Setores do bolsonarismo nacional apoiaram incondicionalmente Trump com a esperança de que ajudará Jair voltar ao poder, mesmo em detrimento de nosso comércio exterior. Isso soa como subserviência bem crua mesmo, como uma bela pintura da arte de lamber botas. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Eleito com a promessa de acabar com a inflação nos EUA, Trump vê suas medidas não surtirem efeito e corre o risco de seu governo flertar com uma recessão e se igualar ao de seu antecessor Joe Biden, na visão de Sakamoto.

Não dá para dizer que o mercado está em baixa, mas pode estar entrando. Há muitos empresários nos EUA que não são contra medidas de cortes de gastos internos no governo ou mesmo mudanças em impostos. O problema é o caos; não há uma lógica, uma ordem. Pior do que uma política protecionista em relação às importações é uma política caótica, na qual as empresas não conseguem se planejar.

Também não é tudo culpa do Trump. Há ciclos de pessimismo e otimismo, a concorrência da China para o desenvolvimento da inteligência artificial, complicações em mercados emergentes.

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Wall Street não está passando uma mensagem para Trump com a perda no valor das ações, mas está com medo e se preservando. Pode chegar o momento em que aquilo que era uma lua de mel, por achar que ganharia mais dinheiro com um mercado desregulamentado sob Trump, torne-se uma grande DR pública, na qual o grande perdedor será o governo norte-americano. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

O crescimento da insatisfação com o governo Trump também atinge Elon Musk. O presidente dos EUA disse que comprará um carro novo da Tesla em sinal de apoio ao seu conselheiro, mas a declaração sinaliza o enfraquecimento do empresário dentro do governo, analisou Sakamoto.

Isso pode parecer um indicativo de força, mas na verdade é de fraqueza. Se o presidente da República tem que vir a público para dar um gás nas vendas da Tesla é porque Musk está precisando de ajuda e o negócio está pegando. O mercado também lê isso como um sinal de fraqueza.

O público está irritado. Uma parte da extrema-direita norte-americana também está irritada com Musk há um bom tempo porque ele defende a imigração de cérebros de outros países para os EUA. Há uma ciumeira gigantesca. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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