Gleisi defende Lula após fala machista e rebate ataques de bolsonaristas

A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, defendeu hoje o presidente Lula (PT) após fala de que ele colocou uma "mulher bonita" para ter uma boa relação com o Congresso, feita em evento ontem.

O que aconteceu

Gleisi disse que as críticas são oportunistas e que "gestos valem mais que palavras". "O presidente Lula tem um histórico que o credencia junto à luta das mulheres por espaços de comando e poder", afirmou a ministra, empossada na última segunda. Ela falou após reunião com o ministro Fernando Haddad na Fazenda.

Como argumento, citou indicações femininas de Lula em seus governos. "Foi o presidente que incentivou uma mulher a ser presidenta da República, o presidente que incentivou uma mulher a ser presidenta do seu partido, o que nomeou presidentas da Caixa, do Banco do Brasil, STM, o que mais nomeou ministras."

"Fico indignada com os bolsonaristas que utilizam disso para fazer um jogo baixo", reclamou Gleisi. "Na realidade, eles, sim, sempre foram contra as mulheres, sempre foram discriminatórios, sempre foram misóginos e machistas."

A ministra já havia se pronunciado nas redes sociais. Mais cedo, ela disse que Lula "empoderou mulheres".

Em cerimônia ontem no Palácio do Planalto, Lula disse que colocou uma "mulher bonita" na articulação política para "não ter mais distância" entre o governo e o Congresso. O presidente se dirigia aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). "Uma coisa, companheiros, que eu quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês", disse Lula.

Declaração foi contestada por feministas, e bolsonaristas embarcaram nas críticas. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) acusou Lula de "oferecer" Gleisi "como um cafetão oferece sua funcionária em uma negociação entre gangues". A bancada feminina do PT no Congresso e a Secretaria das Mulheres do partido condenaram a fala de Gayer, que apontaram ser violenta e um "ataque à dignidade" da ministra.

Mudança na articulação do governo

Gleisi assumiu as Relações Institucionais no início desta semana. Responsável pela ligação entre o Planalto e o Congresso, o ministério tem sido uma das principais vidraças do governo, em especial pela relação conflituosa que o ministro anterior, Alexandre Padilha, tinha com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Continua após a publicidade

Lula queria alguém próximo na pasta. Gleisi foi uma das principais defensoras do presidente durante o processo da Operação Lava Jato —época em que assumiu o comando do PT, em 2017. Ela tem acesso ao presidente e proximidade com grande parte dos ministros.

Já Padilha substituiu Nísia Trindade no Ministério da Saúde, para dar roupagem mais política à pasta. De histórico acadêmico e técnico, Nísia era criticada por parlamentares por uma suposta falta de traquejo político, em especial na hora de liberar verbas.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.