Licença de Eduardo teve trapalhada e PL com medo de fama de fujão

A reação inicial da bancada do PL sobre a permanência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos foi medo. O temor se dissipou ao longo de um dia que começou com trapalhada.

O que aconteceu

O medo inicial da bancada do PL foi que a licença de Eduardo fosse interpretada como fuga. Os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ), autores do pedido de apreensão do passaporte do deputado, usaram esse discurso.

O temor se dissipou com declarações de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente esteve no Senado durante a tarde de terça para a cerimônia de lançamento de uma exposição sobre o Holocausto.

Emocionado, Bolsonaro chorou no começo do discurso. Ele disse que o dia estava sendo difícil porque um filho havia ido para longe. A voz embargou, e ele terminou com lágrimas escorrendo dos olhos.

A reação emotiva mudou a interpretação dos fatos. Com isso, a militância bolsonarista estava blindada contra o discurso de fuga, avaliam deputados do PL.

A direita diz crer que tenha prevalecido a imagem de pai e filho afastados. A fala de Bolsonaro aconteceu por volta das 14h30 e refletiu nos discursos feitos na tribuna da Câmara ao longo da tarde. Os parlamentares seguiram duas linhas:

  • Apoiar a atitude de Eduardo;
  • Atacar Alexandre de Moraes.

Aprofundando críticas ao STF

O saldo foi o reforço do discurso de perseguição. Ninguém no PL tem ideia de quando Eduardo Bolsonaro voltará. Alguns dizem não saber se ele retorna ao Brasil.

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O que é certo é a continuidade das críticas ao STF. Eduardo Bolsonaro tinha medo de seu passaporte ser apreendido. Na tarde de terça, o pedido dos deputados do PT foi arquivado.

A atitude foi interpretada como deboche do Judiciário. Também serviu para relembrar a menção de Alexandre de Moraes para incluir Eduardo Bolsonaro em uma investigação.

A avaliação final foi que a licença do deputado colocou mais tijolos na disputa do bolsonarismo contra o STF. A direita ganhou um símbolo para citar em seus discursos, e a vaga de mártir tem um novo candidato.

Mas também houve ressalvas à decisão de Eduardo. Elas partem da direita do Senado, onde o movimento foi visto como "precipitado". Buscar a solução de problemas brasileiros a partir de intervenção externa também não é considerado o caminho ideal.

A atitude do Judiciário não é isenta de reclamações. A demora em resolver a questão do passaporte é classificada como erro porque alimentou uma situação que poderia ter sido resolvida de imediato.

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Erro escondeu 1ª gravação

Deputados do PL ouvidos pelo UOL afirmam que não sabiam do pedido de licença do mandato. O irmão e senador, Flávio Bolsonaro, tem o mesmo discurso. Apesar de haver postagens da família de Eduardo nos EUA desde o começo do mês, nas primeiras repercussões, parlamentares se mostravam surpresos e faziam avaliações receosas do impacto da decisão.

A situação ficou mais confusa por causa de uma trapalhada. O primeiro vídeo postado no canal de Eduardo Bolsonaro no YouTube subiu à meia-noite de terça-feira. Ele passou despercebido porque ficou escondido.

Em vez de aparecer na página de abertura, a gravação entrou numa playlist. O erro foi percebido pelo assessor de um deputado do PL durante a manhã.

Ele estranhou a audiência do vídeo. O canal do deputado tem quase 1,5 milhão de inscritos e havia pouco mais de cem visualizações, mesmo com uma revelação bombástica. A postagem foi retirada do ar.

A gravação sobre o pedido de licença voltou ao ar às 11h45 com um final diferente do original. O vídeo que ficou conhecido termina com Eduardo Bolsonaro anunciando o deputado Zucco (PL-RS) como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

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A versão deletada colocava o deputado Mário Frias (PL-SP) no cargo. A avaliação de quem viu o vídeo apagado é que Eduardo Bolsonaro gravou duas opções. Eles justificam que o parlamentar estava no mesmo lugar e usava a mesma roupa. Mas nenhum dos dois levou a vaga na comissão.

Disputa pelo espólio de Eduardo

O deputado Zucco foi anunciado herdeiro de Eduardo, mas não levou. Houve resistência ao parlamentar assumir a Comissão de Relações Exteriores, cargo da Câmara mais importante para os caciques do PL.

O escolhido vai fazer o meio de campo com lideranças de direita de outros países. É uma oportunidade de projeção internacional e nacional. Mas Zucco já é líder da oposição.

O mesmo parlamentar dispor de dois holofotes fez a conta não fechar. O deputado Filipe Barros (PL-PR) foi indicado para ser o presidente.

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Barros foi relator do projeto do voto impresso. A proposta foi derrotada, mas o parlamentar ganhou pontos porque conseguiu colocá-lo em votação. Seu passado recente é menos vigoroso. Deputados bolsonaristas raiz reclamam que ele foi passivo ao ser líder da oposição no ano passado.