Nunes entrega 15 das 43 promessas que fez para cem dias de gestão em SP

O segundo mandato de Ricardo Nunes (MDB) à frente da Prefeitura de São Paulo completa cem dias hoje. Ele havia prometido 43 metas para esses pouco mais de três meses, porém cumpriu 15 — 35% do total.

O que aconteceu

Nunes deixou para trás obras prometidas antes de 2024 e também não deu início a novas construções de UBSs prometidas em 2 de janeiro. Na ocasião, o prefeito fez a primeira reunião com o novo secretariado e apresentou os principais objetivos da administração municipal para os primeiros meses do ano. A versão preliminar do plano de metas 2025-2028 recicla também compromissos não alcançados no passado, conforme o UOL mostrou.

Promessas de campanha como o Paulistão da Saúde e o hospital veterinário não foram entregues. O complexo, que integra diferentes serviços de saúde, deveria começar a ser construído até esta quinta-feira, mas não saiu do papel. Nas propagandas eleitorais à reeleição, Nunes divulgou o prédio como uma das marcas de sua administração.

Assim como no plano de metas 2021-2024, os corredores de ônibus não avançaram nos últimos meses. As obras do BRT Aricanduva, na zona leste, por exemplo, não tiveram início. Um dos poucos avanços na área de transporte foi a retomada da licitação do corredor Miguel Yunes, que estava suspensa desde outubro do ano passado.

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Retomada do túnel Sena Madureira, na Vila Mariana, é entrave para prefeitura. A obra defendida por Nunes foi colocada nas ações prioritárias dos cem dias de gestão, mas foi barrada pela Justiça diversas vezes —além de possíveis irregularidades na licitação, o futuro túnel é investigado por descumprimento de normas socioambientais relacionadas ao corte de árvores centenárias. Em fevereiro, o Ministério Público recomendou o rompimento do contrato.

Nos últimos dias, o prefeito acelerou entregas. Hoje, por exemplo, houve a inauguração do CEU (Centro Educacional Unificado) Rei Pelé, na Cidade Líder, zona leste —a primeira unidade entregue por Nunes vai atender quase 2.000 alunos. Entre 2021 e 2024, o objetivo era concluir 12 CEUs, mas a administração municipal não entregou nenhum. Ao todo, a capital tem 58 unidades.

Por outro lado, houve anúncio de tarifa zero para pais de crianças. No último dia 31, Nunes deu início ao programa Mamãe Tarifa Zero, que beneficia famílias da rede municipal cadastradas no CadÚnico. A promessa de campanha foi lançada durante a entrega de uma unidade escolar —nos últimos cem dias, a prefeitura entregou duas obras, das 12 previstas.

O Centro para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo também foi entregue na corrida de cerimônias feita por Nunes. O espaço já havia sido anunciado pela prefeitura no ano passado —inicialmente, a expectativa de inauguração era dezembro de 2024, mas ela acabou acontecendo em 2 de abril.

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Nunes não conseguiu realizar agendas previstas para o período. A expectativa era cumprir ao menos 48 inaugurações de espaços como Armazém Solidário M'Boi Mirim, Vilas Reencontros, entre outros —apenas nove ocorreram.

Procurada, a prefeitura focou no número de anúncios. "A Prefeitura de São Paulo informa que nos primeiros cem dias de governo realizou uma entrega a cada três dias para a população, totalizando mais de 32", disse em nota, destacando a inauguração do Centro TEA e do lançamento do Mamãe Tarifa Zero.

Hoje o prefeito negou que deixou algo a desejar nas entregas de cem dias de mandato. Nunes disse que alguns objetivos não foram cumpridos por culpa de terceiros. É o caso da Casa de Cultura Cidade Ademar, na zona sul, onde, segundo o emedebista, precisa ser feita a ligação da energia elétrica para que a inauguração ocorra.

Não existe nada com relação a um descumprimento, a não ser, obviamente, que vocês compreendam um ajuste por conta de prazo, que pode acontecer, do recurso de várias empresas que estão participando. Está tudo dentro do meu prazo. Estou bastante feliz com a quantidade de entregas que a gente vai ter, completando os cem dias [hoje].
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

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Imagem: Arte/UOL

Segurança pública em foco

Fora das metas divulgadas pela prefeitura, o Smart Sampa ganhou espaço nas ações municipais. Em fevereiro, a prefeitura inaugurou um painel para mostrar o número de prisões feitas pelo programa de monitoramento. Chamado de "prisômetro", uma alusão ao "impostômetro", que contabiliza impostos, taxas e contribuições pagas ao poder público, o painel foi alvo de críticas da oposição. Especialistas apontam também que o instrumento é uma ação política e não apresenta resultados.

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Nunes tem empenhado esforços na área de segurança pública neste segundo mandato. A atitude, segundo pessoas de seu entorno, reforça a postura de que o prefeito tenta costurar uma candidatura ao governo de São Paulo, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) saia como candidato à Presidência. O tema da segurança daria a vitrine que o emedebista precisa para se manter em evidência, avaliam aliados.

A troca do nome da GCM para Polícia Municipal também recebeu atenção do prefeito. Em um primeiro momento, Nunes foi derrotado na Câmara dos Vereadores, mas, depois, o projeto que altera o nome da Guarda Civil Metropolitana foi aprovado.

A articulação com os vereadores, inclusive, foi outro marco no início do seu segundo mandato. Sem a presença de Milton Leite e com políticos autodenominados independentes, o prefeito tem sofrido críticas de seus antigos colegas da Câmara pela relação da prefeitura com o Legislativo. Reportagem do UOL mostrou que alguns deles chamaram Nunes de "arrogante".

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