Quem é o médico que fez 5 cirurgias em Bolsonaro e foi trocado agora?
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O cirurgião Antonio Luiz Macedo, que realizou os cinco procedimentos anteriores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou à colunista Carla Araújo que se sentiu "desvalorizado" por ser trocado, possivelmente por decisão de Michelle Bolsonaro.
Quem é o "doutor Macedo"?
Macedo é cirurgião gastroenterologista formado pela USP. Ele entrou para a graduação aos 17 anos, fez residência e pós-graduações. Sua especialidade é o aparelho digestivo, com foco em cirurgias robóticas —que diz ter introduzido em sua especialidade em 2008, tendo logo depois se tornado membro fundador da Clinical Robotic Surgery Association—, além de laparoscópicas e oncológicas, segundo seu site.
O médico de 75 anos já atendeu outras figuras ilustres. Foi ele quem operou emergencialmente a apresentadora Hebe Camargo em 2012 para a retirada de um tumor que também causava uma obstrução intestinal.
Aos 13 anos, Macedo sofreu um acidente que deixou sequelas em seu rosto. Ele caiu de um cavalo, e o trauma causou uma paralisia da face no lado direito.
Disse ao médico que me atendeu, um professor de neurologia do Hospital das Clínicas, que eu queria ser cirurgião. Ele me aconselhou a procurar outra profissão. Fui para casa abaladíssimo. Meu avô então me repreendeu: 'Esquece o que ele disse, não sabe nada. Ele é professor de cirurgia, mas não de gente'. Foi aí que eu mais quis ser cirurgião. Pouco mais de dez anos depois, operei o médico que me atendeu, por uma grande coincidência. Era noite de Natal. Tirei a vesícula dele. No dia seguinte, ele me olhou e perguntou: "O que aconteceu no seu rosto, menino?". Eu relembrei a história a ele. Ele chorou igual a uma criança. Para mim, o não inexiste. Vou até o fim, sempre. Desisto só se me matarem.
Antonio Luiz Macedo, à revista Veja em 2019
Macedo foi escolhido inicialmente pela família do ex-presidente. Eduardo Bolsonaro entrou em contato com o médico após receber indicações de colegas do cirurgião, como contou ainda à Veja no ano seguinte. Ele voou para tratar do então candidato em Juiz de Fora (MG) logo após a facada e foi responsável pelos procedimentos seguintes.
Ele diz que nunca cobrou pelas cirurgias de Jair Bolsonaro. Ele faz 600 cirurgias por ano, em média, e opera pessoas de graça também. Uma delas é o ex-presidente. "Meu pai nunca recebeu um real por ter tratado do Bolsonaro, jamais cobrou nada. O governo, nem ninguém, nunca pagou nada a ele", contou sua filha ao UOL em 2022.
É um workaholic que sacrificou a vida e o convívio conosco pela profissão. Não tira férias e às vezes viaja na semana de Ano-Novo para descansar, está sempre 24 horas no hospital, sai de casa às 6h da manhã e volta meia-noite/1h de domingo a domingo. Ele não descansa, trabalha direto a semana inteira. Viajou com o dinheiro dele, não do governo, nunca utilizou verba pública, nunca recebeu favor algum do governo.
Beatriz Macedo Lopez, filha do médico

Depois de mais de quatro décadas no renomado Hospital Albert Einstein, na capital paulista, ele trocou a instituição pelo Vila Nova Star, da Rede D'Or, em 2018. Foi lá que Macedo chegou a operar o presidente Bolsonaro, e teria sido este o motivo, segundo aliados do ex-presidente, da mudança de equipe, conforme apontou uma reportagem do Estadão. Isso porque uma amiga de Michelle, a deputada federal Amália Barros (PL-MT), morreu neste hospital em 2024, após a retirada de um nódulo do pâncreas.
Um boato indicava que a troca de hospitais por Macedo havia sido "milionária". No entanto, o médico disse à Veja não saber se ganhava mesmo R$ 1 milhão ao mês do novo hospital. "Tem de perguntar isso para a minha filha. É ela que cuida dessas coisas para mim. Eu ganho bem, claro. Mas não sei se é isso tudo", comentou.
Em 2020, o cirurgião se viu envolvido em uma saia justa após o vazamento de um áudio em que acusa a vacina da covid-19 de ter matado um colega. Na gravação, ele afirma que um colega de profissão, de 28 anos de idade, "morreu testando a vacina". Mas o brasileiro a que se referia —e que participava como voluntário dos estudos da AstraZeneca— não chegou a receber a imunização durante os testes. Ele fazia parte do grupo de controle, que recebeu um placebo.
O que aconteceu
O médico Antônio Luiz Macedo disse à coluna de Carla Araújo que foi excluído pela família. "Eu jamais neguei atendimento para ele, já o operei várias vezes em quadros graves (...). Mas, desta vez, não sei se é coisa da dona Michelle, mas provavelmente é coisa da esposa, e ela resolveu chamar outro grupo para atendê-lo", afirmou. Bolsonaro foi operado agora pelo cirurgião Claudio Birolini.
Macedo afirma que ingratidão seria uma palavra pesada, mas disse que se sente desvalorizado. "Foi uma não valorização do meu trabalho", disse.
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