Investigado em escândalo do INSS foi citado em esquema de vacinas da covid

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O empresário Maurício Camisotti, um dos principais investigados nas suspeitas de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), também foi citado na CPI da Covid, em 2021, por ter sido responsável por uma transferência de R$ 18 milhões para a Precisa Medicamentos.
O que aconteceu
Maurício Camisotti seria o "sócio oculto" da Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), segundo a Polícia Federal. O faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024. Há mais de 2 mil reclamações registradas contra a entidade.
Em 2021, as contribuições dos associados foram de R$ 135. O total saltou para R$ 14,9 milhões em 2022 e R$ 91 milhões em 2023. Entre janeiro e março de 2024, as contribuições alcançaram R$ 71,6 milhões.
Em agosto de 2021, a Ambec assinou um acordo de cooperação técnica com o INSS. O credenciamento permitiu que a entidade descontasse mensalidades diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, desde que houvesse autorização expressa dos filiados.
Descrito no inquérito da PF como "figura central" do esquema, Camisotti teria usado familiares como laranjas em diversas empresas para receber e lavar dinheiro. A mulher, o filho, dois primos, um sobrinho e o cunhado dele são investigados. Os três últimos presidentes da associação têm parentesco com o empresário.
Na CPI da Covid, o Coaf (Conselho de Administração Financeira) afirmou que Camisotti foi responsável por uma transferência de R$ 18 milhões à Precisa Medicamentos. A empresa era representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. Em junho de 2021, o governo suspendeu contrato com a Precisa após indícios de irregularidades e suposta corrupção.
Faturamento da Ambec chamou atenção da CGU
O aumento expressivo no faturamento da associação chamou a atenção da CGU (Controladoria-Geral da União), que fez uma auditoria na entidade. Segundo a CGU, associação não apresentou a documentação necessária para comprovar que aposentados e pensionistas tinham conhecimento e concordaram com os descontos, como fichas de filiação e termos de autorização.
Segundo a investigação, os dados dos aposentados foram obtidos junto a servidores do INSS, mediante o pagamento de propinas. As informações teriam sido cadastradas na Ambec e em outras associações semelhantes, sem o conhecimento dos aposentados, para operar os descontos nos contracheques.
Associação é "tão vítima" quanto seus associados, dizem advogados da entidade. Os advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine alegaram que a associação "não pratica atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas, de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados."
*Com informações do Estadão Conteúdo
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