Além de Collor, Brasil já teve outros oito ex-presidentes presos; relembre

O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso hoje por corrupção e lavagem de dinheiro em um esquema que envolvia a BR Distribuidora. Ele foi condenado a oito anos e 10 meses de prisão. Relembre outros presidentes que também já foram presos:

Michel Temer (2019)

Michel Temer
Michel Temer Imagem: Shutterstock.com

Michel Miguel Elias Temer Lulia (MDB) foi preso pela operação Lava Jato do Rio de Janeiro no dia 21 de março de 2019. Seu nome foi citado pelo delator José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que confessou ter repassado R$ 1,1 milhão em propina a Coronel Lima, militar amigo de Temer e do ex-ministro Moreira Franco (MDB), que serviria como intermediário para que o ex-presidente recebesse o dinheiro de um esquema de corrupção que envolvia a construção da usina Angra 3.

Temer foi solto em 25 de março, após o desembargador Antonio Ivan Athié considerar que a prisão foi fundamentada em "suposições de fatos antigos". No dia 8 de maio daquele mesmo ano, o TRF-2 derrubou o habeas corpus do ex-presidente e Temer voltou à prisão. Em 14 de maio, a Sexta Turma do STJ decidiu por unanimidade soltar Temer e substituir a prisão com medidas cautelares, como entrega de passaportes e bloqueios dos bens.

Formado em direito, Michel Temer governou o Brasil após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), entre 31 de agosto de 2016 e 31 de dezembro de 2018.

Lula (2018)

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No dia 7 de abril de 2018, o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso, em Curitiba, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso da compra de um triplex no Guarujá feito supostamente com pagamentos vindos de um esquema de corrupção na Petrobrás. Condenado à época em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão, Lula foi solto após um ano, sete meses e um dia (580 dias) no cárcere, em 8 de novembro de 2019, após o Supremo Tribunal Federal ter considerado a prisão em segunda instância inconstitucional.

O ministro do STF, Edson Fachin, anulou em março de 2021 as condenações de Lula por considerar que teriam sido decididas por um tribunal que não tinha competência jurisdicional para julgar seu caso. No mês seguinte, o plenário do Supremo anulou oficialmente as condenações de Lula decididas pelo ex-juiz Sergio Moro. Em abril de 2022, o Comitê de Direitos Humanos da ONU apontou que houve parcialidade de Moro nos processos contra Lula.

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Lula governou o país entre 1º de janeiro de 2003 e 31 de dezembro de 2010, sendo sucedido pela presidente Dilma Rousseff (PT). Solto, ele se elegeu para um terceiro mandato em 2022 e é, desde então, o presidente da República.

Jânio Quadros (1968)

Jânio Quadros
Jânio Quadros Imagem: Reprodução

Oficialmente, Jânio não foi preso, mas foi condenado a um ato de confinamento em Corumbá (MS) por 120 dias, em julho daquele ano. O decreto foi motivado por declarações que o ex-presidente, que havia perdido seus direitos políticos com o golpe de 1964, tinha dado à imprensa criticando o regime militar. Com a ordem de confinamento, o ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, afirmou que Jânio não poderia fazer pronunciamentos políticos e, caso os fizesse, seria responsabilizado criminalmente por eles. Os veículos de imprensa que os publicassem também seriam punidos.

Segundo o jornal sul-mato-grossense Correio do Estado, Corumbá foi escolhida pelo Exército para abrigar Jânio e a esposa Eloá, no apartamento 606 do Hotel Santa Mônica. Eles eram vigiados por dois policiais federais que ficavam 24 horas no corredor do sexto andar. Nos dois primeiros meses, ele frequentava restaurantes e jantares nas casas das famílias locais que estavam dentro do perímetro urbano restrito pelos militares, mas o ex-presidente foi proibido de sair do hotel nos últimos dois meses do confinamento.

Jânio Quadros foi presidente em 1961, mas renunciou ao cargo sete meses depois, após tentar implantar uma política econômica austera, medidas sociais moralistas (como a proibição do biquíni) e uma política externa independente.

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Juscelino Kubitschek (1967)

Juscelino Kubitschek
Juscelino Kubitschek Imagem: Divulgação/Planalto/Galeria de Presidentes

JK, como ficou conhecido, governou o Brasil de 1956 a 1961. Médico e mineiro, Juscelino chegou a ser prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais antes de se tornar presidente da República. Como presidente, ficou conhecido pela sua campanha "50 anos em 5", programa de desenvolvimento econômico. JK também foi responsável pela construção da nova sede da capital federal, em Brasília. Após o golpe militar de 1964, foi acusado de corrupção e aliança com comunistas e teve seus direitos políticos suspensos. Em 1967, participou da Frente Ampla pela volta da democracia no Brasil, levado à prisão, onde permaneceu por alguns dias até que foi conduzido para seu apartamento, e depois passou um período em prisão domiciliar.

Café Filho (1954)

Café Filho
Café Filho Imagem: Reprodução/Agora RN

João Fernandes Café Filho era vice-presidente na época em que Getúlio Vargas cometeu suicídio, em 1954, o que o levou a assumir a presidência. Um ano depois, Café Filho sofreu um ataque cardíaco que o afastou de seu cargo. Porém, quando estava prestes a voltar à presidência, foi cercado por um grupo militar em seu apartamento. Os militares pediam a posse de Juscelino Kubitschek. Assim, Café Filho permaneceu preso em sua própria casa até que o STF confirmasse o pedido de renúncia do então presidente, o que assegurava a posse de JK.

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Artur Bernardes (1932)

Artur Bernardes
Artur Bernardes Imagem: Domínio público

Artur Bernardes foi o 12º presidente do Brasil, entre 1922 e 1926. Nascido em Minas Gerais, Bernardes sofreu forte oposição ao ser eleito, o que gerou o Levante do Forte de Copacabana e o início do movimento tenentista. Uma das marcas de seu governo foi o início da siderurgia, na região de Minas. Em 1932, já como ex-presidente, apoiou a Revolução Constitucionalista, em São Paulo, que tentava acabar com o governo de Getúlio Vargas. Bernardes foi preso em setembro do mesmo ano, partindo para o exílio em Portugal, onde permaneceu por um ano e meio.

Washington Luiz (1930)

Washington Luiz
Washington Luiz Imagem: Divulgação Presidência da República

Último presidente do período da República Velha, Washington Luiz governou de 1926 a 1930, quando sofreu um golpe de estado liderado por Getúlio Vargas e foi levado preso para o Forte de Copacabana. O ex-presidente partiu para exílio na Europa e nunca mais atuou na política.

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Seu governo viveu um período de grande instabilidade econômica, principalmente com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, que gerou grande conturbação em todo o mundo.

Hermes da Fonseca (1922)

Hermes da Fonseca
Hermes da Fonseca Imagem: Governo do Brasil via Wikimedia Commons

O Marechal Hermes da Fonseca foi o 8º presidente da República, de 1910 a 1914, uma época de muitos conflitos no país. Logo no primeiro ano do seu mandato, o ex-governante enfrentou a Revolta da Chibata, um levante de militares da Marinha que pediam o fim do uso de chibatas em seu ambiente de trabalho.

Em 1922, já como ex-presidente, Hermes da Fonseca teve ordem de prisão decretada pelo presidente da época, Epitácio Pessoa. O motivo: Hermes da Fonseca criticou uma medida de intervenção federal em Pernambuco. Além de sua prisão, também foi fechado o Clube Militar, o que gerou uma comoção entre os militares, que resultaria no movimento da Revolta dos 18 do forte, ainda em 1922.

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