Vereadores do PSOL abraçam fim da jornada 6x1 e PT 'pega carona' na pauta

Vereadores do PSOL apresentaram em 4 das 10 maiores capitais brasileiras projetos que proíbem a jornada 6x1 em empresas contratadas por prefeituras. Apesar da ligação histórica com a pauta, o PT não mobilizou representantes para apresentar projetos desse tipo, embora tenha sinalizado apoio à causa.

O que aconteceu

PSOL apresentou propostas em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Segundo Paula Coradi, presidente do partido, o tema foi definido como "prioridade" em evento da sigla em 2024 e virou "pauta partidária" desde então, com uma mobilização da legenda para apresentar propostas ligadas ao assunto nas Câmaras Municipais.

Na jornada 6x1, o empregado trabalha seis dias seguidos e descansa um. O movimento VAT (Vida Além do Trabalho) iniciou a mobilização para que esse formato deixe de existir. Para críticos, a 6x1 causa desgaste físico e emocional e impede que o trabalhador estude. Porém, há quem questione o impacto econômico do seu fim.

PT cita fim da 6x1 como "pauta histórica" em site e como meta de governo na TV, mas não tem projetos recentes nesse sentido. No Congresso, propostas apresentadas em 2015 pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e em 2019 pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) tratam da mudança, mas ainda não foram a votação.

Apesar da situação, PSOL e PT negam clima ruim. Paula lembra que PT foi "importante" na coleta de assinaturas para um projeto da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pelo fim da 6x1. Já o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a parlamentar teve "um mérito muito grande" ao dar visibilidade à questão.

O que queremos é que a proposta seja aprovada, independente de quem seja o autor
Humberto Costa, senador (PT-PE)

Para presidente do PSOL, debate sobre 6x1 colocou extrema-direita "em contradição". "Eles não souberam como responder", afirmou Paula. Um dos principais expoentes do conservadorismo hoje no país, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi criticado ao se opor ao fim da jornada 6x1 em um vídeo.

Chances de aprovação variam de cidade para cidade

Em São Paulo, expectativa é de "oposição escancarada" à proposta. A vereadora Amanda Paschoal (PSOL) espera resistência por parte da base aliada de Ricardo Nunes (MDB) e do próprio prefeito, que é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, ela conta com a mobilização popular para reverter o quadro.

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No Rio, Rick Azevedo (PSOL) vê missão "difícil, mas não impossível". Fundador do VAT, o vereador crê no avanço do texto por meio de diálogo e pressão popular, apesar da proposta partir da oposição. O prefeito Eduardo Paes (PSD) nunca se posicionou sobre o tema, mas aumentou a carga horária de professores.

Em Salvador, prioridade é "pautar o debate". Segundo Professor Hamilton (PSOL), a base do prefeito Bruno Reis (União) representa dois terços da Câmara e, por isso, deve negligenciar o tema. Porém, ele espera contar com a pressão popular e com uma negociação sobre o prazo de implementação, entre outros pontos, para tentar a aprovação.

Em Recife, texto deve passar "com tranquilidade". Para Jô Cavalcanti (PSOL), a proposta "tem boa aceitação" na Câmara e "há interesse da sociedade na aprovação". A cidade é governada por João Campos (PSB), aliado de Lula. Ainda assim, a vereadora não se arrisca a dizer quando será a votação nem qual será o placar.

"Fim da 6x1 é pauta com adesão de 70% da população", diz Paula. O dado foi obtido pelo Projeto Brief em parceria com plataforma Swayable. Na próxima quinta, feriado de 1º de Maio, o VAT realizará ato na avenida Paulista pela extinção da jornada. Costa espera que o Congresso aprove até dezembro uma regra que acabe gradualmente com a 6x1.

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