'A gente acerta e erra', diz Lupi sobre nomeação de ex-chefe do INSS
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O ministro Carlos Lupi (Previdência) disse que errou ao escolher Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS. Ele disse que à época o indicado tinha qualidade técnica, currículo e despertou empatia.
O que aconteceu
Carlos Lupi (PDT), ministro da Previdência Social, foi chamado para explicar suspeitas de irregularidades em descontos de aposentados no INSS. Segundo investigação da PF (Polícia Federal), os golpes estariam estimados em R$ 6,3 bilhões.
Ele afirmou que o INSS tem fraudes desde sua criação. O ministro disse que as irregularidades ocorrem desde que o órgão tinha outros nomes. Ele citou o Inamps, criado em 1977. "A previdência social tem problemas de fraudes há muitos anos. Não é de hoje".
Lupi defendeu o sistema interno de combate a fraudes. Justificou que a operação da Polícia Federal se baseou numa auditoria realizada pelo ministério após solicitação dele.
O ministro repetiu que demitiu um diretor porque o levantamento estava demorando. De acordo com a PF (Polícia Federal), o diretor em questão é suspeito de integrar o esquema de fraudes e mandado de busca e apreensão foi cumprido contra ele.
Lupi defendeu cadeia aos envolvidos nas irregularidades. O ministro declarou que respeita os aposentados e sugeriu que está sendo alvo por contrariar interesses por combater os juros altos.
Como previsto, os descontos foram suspensos. A medida estava no radar do Ministério da Previdência e a portaria foi publicada hoje. Lupi defendeu que os bens aprendidos devem ser usados na restituição. O restante deve ser bancado pelo INSS, na avaliação do ministro.
Ele ainda respondeu ao pedido de impeachment da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Ele argumentou que o INSS é atribuição do presidente e não particularmente dele.
Quem fez errado que a polícia prove e vá para cadeia. Nos não estamos aqui para acobertar ninguém que roubou aposentadores e pensionistas.
Ministro Carlos Lupi
Lupi sob pressão
A investigação custou o cargo do presidente do INSS. Alessandro Stefanutto pediu demissão após ordem do presidente Lula (PT).

O ministro está com o cargo em risco. Lula tem recebido recomendações para demitir Lupi, de acordo com apuração do UOL.
Integrantes do governo avaliam que a situação é insustentável. Aliados argumentam que o suposto desvio bilionário em vencimentos de aposentados e pensionistas pode se tornar a maior crise do governo. A permanência do ministro pioraria a situação.
Além disso, as explicações de Lupi não foram suficientes para estancar a crise. Os descontos começaram em 2019 e cresceram de maneira substancial a partir de 2023, quando ele assumiu o cargo. Ainda assim, houve demora em tomar providências.
Atas de reuniões mostram que o ministro foi alertado em 12 de junho de 2023. Lupi se recusou a abordar o assunto naquele momento. Embora tenha registrado que a denúncia era grave, alegou que não havia como averiguar o caso de forma imediata porque se tratavam de 6 milhões de beneficiários.
A primeira providência só foi tomada em março do ano seguinte, nove meses depois. O governo publicou novas regras, mas o presidente do INSS agiu para providenciar brechas para os descontos serem mantidos.
O PDT ameaça deixar o governo se Lupi for demitido. Líder do partido no Senado, Weverton (MA) está na sessão da Comissão de Previdência para demonstrar apoio ao ministério. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) não está na comissão e também compareceu.
Como funcionava o esquema
Associações e entidades faziam descontos na folha de pagamento de beneficiários do INSS. Existia a obrigação de autorização por parte dos aposentados e pensionistas, mas esta premissa não estaria sendo respeitada conforme a PF.
Auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) identificou irregularidades. Foram avaliadas 29 entidades e verificado que algumas entidades não tinham condições de entregar as contrapartidas prometidas: descontos em academias, convênios com planos de saúde, apoio jurídico e auxílio funerário.
De acordo com a investigação, 11 associações participavam do esquema. A CGU fez uma análise por amostra e questionou 1.300 casos. Em 97% deles, os aposentados responderam que não autorizaram o desconto.
A Justiça ordenou o afastamento do presidente do INSS e quatro diretores. Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão —incluindo a casa e o gabinete do presidente do INSS— e ordenado o sequestro de R$ 1 bilhão.
Uma frota de carros de luxo foi apreendida com os alvos da PF. Uma Ferrari e um Rolls Royce estão avaliados em pelo menos R$ 15 milhões. Havia também um Porsche, relógios de luxo e quadros.
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