Senadora que deu voz de prisão ganhou fama em debate com 'candidato padre'
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A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) deu voz de prisão ao empresário Daniel Pardim Tavares Lima durante sessão da CPI das Bets na última terça, transmitida na TV Senado.
Relatora da comissão, Soraya foi eleita surfando a onda bolsonarista em 2018, mas ao longo dos anos se afastou do ex-presidente, adotou posições independentes e passou a protagonizar embates diretos com aliados do antigo grupo político — especialmente quando o assunto envolve machismo, direitos das mulheres ou investigações parlamentares.
O que aconteceu
Empresário foi preso em flagrante por falso testemunho. Daniel Pardim negou conhecer a advogada Adélia de Jesus Soares, o que foi considerado mentira pelos senadores.
Pedido de prisão foi feito por Soraya. A senadora é relatora da CPI das Bets e solicitou a prisão imediatamente após constatar a contradição no depoimento.
Presidente da CPI confirmou a prisão. Dr. Hiran (PP-RR) validou o pedido após uma breve interrupção da sessão para deliberação.
Defesa do empresário alegou abuso de autoridade. Diante disso, Soraya respondeu diretamente: "Me processe então".
Senadora é ex-bolsonarista, afrontou machismo e disse virar onça
Soraya se elegeu como "a senadora do Bolsonaro". Em 2018, conquistou mais de 373 mil votos em Mato Grosso do Sul com esse slogan.
Rompeu com o ex-presidente após a CPI da Covid. Passou a criticar os tratamentos ineficazes defendidos por aliados do governo.
Se aliou à senadora Simone Tebet. Fez dobradinha com sua ex-professora nas pautas voltadas aos direitos das mulheres.
Foi acusada de traição por Flávio Bolsonaro. Após se posicionar contra o governo, ouviu do senador que era uma "traidora".
Rebateu dizendo que "jamais se curvaria". Afirmou que Flávio ligou "aos berros" exigindo a retirada da assinatura da CPI da Lava Toga.
Soraya se formou em direito e administra negócios com o marido. O casal comanda uma rede de motéis em Campo Grande e emprega ex-presidiárias no local.
Senadora já chamou Bolsonaro de 'tchutchuca'
Soraya confrontou Bolsonaro após ataque à jornalista Vera Magalhães. Foi a primeira presidenciável a sair em defesa da jornalista.
Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada. Aí eu fico brava, sim. E digo mais para você: lá no meu estado, tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas
Soraya Thronicke (Podemos-MS), em defesa da jornalista Vera Magalhães após Bolsonaro atacá-la de forma machista
'Vira onça' em referência à Juma. A expressão remete à personagem Juma Marruá, da novela Pantanal, que se transforma em onça quando atacada.
Criticou encenação de aborto feita no Senado
Soraya classificou a encenação como "tiro no pé" - realizada em junho do ano passado. A performance foi feita por grupos antiaborto em plenário, durante discussão sobre o PL que equipara aborto a homicídio.
Criticou o uso político da dor de vítimas. Em entrevista ao UOL News à época, condenou o espetáculo e questionou a ausência de empatia dos parlamentares envolvidos.
Fez uma provocação direta durante a audiência. "Eu quero ver a encenação de uma filha sua, não a encenação de qualquer mulher. Enxergue a sua filha ali, numa provocação nesse nível. E é chocante demais," disse.
Chamou Kelmon de 'padre de festa junina'
Durante o embate presidencial de 2022, Soraya Thronicke chamou o então candidato Padre Kelmon de "padre de festa junina", em uma troca de farpas que viralizou e rendeu diversos memes.
Não deu extrema unção porque o senhor é um padre de festa junina. Soraya Thronicke em debate eleitoral em 2022
Um Reencontro por vídeo reacendeu desentendimento. Em junho de 2023, os dois conversaram por videochamada, oito meses após o debate. A conversa foi intermediada por Kassyo Ramos, presidente interino do PTB, e acabou sem reconciliação.
Padre Kelmon disse que houve pedido de desculpas. Em entrevista a um podcast, Kelmon afirmou que Soraya teria se desculpado por chamá-lo daquela forma e o convidado para conhecer seu gabinete.
Soraya negou pedido de desculpas. A senadora disse que não viu motivo para se desculpar, já que o clima era de campanha, e negou o tom amistoso citado pelo padre.
*Com informações de matérias publicas em 19/06/2024, 07/06/2023 e 29/08/2022
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