Sem Lula, 1º de Maio terá ministros, 2 atos em SP e grito contra escala 6x1

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A celebração do Dia do Trabalho hoje em São Paulo terá dois grandes atos de centrais sindicais, luta contra a escala 6x1 e a ausência do presidente Lula (PT), que só mandou recado por vídeo.
O que aconteceu
Após o fracasso do ano passado, as centrais sindicais se separaram em dois grandes atos em São Paulo. O tradicional será realizado na praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista, enquanto a CUT (Central Única dos Trabalhadores), em dissidência, fará o seu em São Bernardo, no ABC paulista.
Esta é a primeira vez no mandato que Lula não vai à celebração. De origem sindical, o presidente ficou extremamente incomodado com o baixo público no ato do ano passado, na zona leste paulistana —segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), foram menos de 2.000 pessoas.
Convidado para os dois eventos em SP, o presidente decidiu ficar em Brasília. Segundo interlocutores, ele preferia participar do ato da CUT, tanto pela proximidade com a direção quanto por ser em seu berço político, mas entendeu que poderia criar rusgas e incômodos que não seriam interessantes para o governo no momento.
Para sanar a questão, recebeu representantes de todas as centrais em uma longa reunião na terça. Lula ouviu reivindicações, recebeu um documento sobre a pauta trabalhadora para 2025, prometeu se engajar mais na luta pelo fim da escala 6x1 —principal tema dos atos neste ano— e gravou um vídeo, na segunda, que foi transmitido na noite de ontem e deverá ter trechos repassados nos atos.
O governo enviará três ministros. Luiz Marinho (Trabalho), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Cida Gonçalves (Mulheres) devem dar um pulo em ambas, com discurso previsto. De origem sindical, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, também é figura frequente nestes eventos, mas não confirmou presença após o caso de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Dois eventos e luta contra a escala 6x1
Além do baixo número, o sorteio de carros gerou a divergência entre centrais. Para atrair mais trabalhadores para o evento, as centrais fecharam, em comum acordo, o sorteio de dez Volkswagen Polo Track —um costume frequente até 2018—, mas a CUT se colocou contra.
As organizações negam divisão e dizem que os eventos são complementares. "Mesmo sendo centrais diferentes, tivemos a maturidade de encontrar uma pauta que unifique, temos que valorizar isso", afirmou Miguel Torres, presidente da Força Sindical, uma das organizadoras do ato da zona norte.
Segundo Torres, a CUT também participará do ato geral. "A CUT tem uma tradição de muito tempo e, temos que relevar isso, ela nunca participou de atos que têm sorteios. Ela foi convidada, está participando. O Sergio Nobre [presidente da CUT] terá uma fala, os ministros Márcio Macêdo, Luiz Marinho também."
O fim da escala 6x1 deverá estar no centro da discussão. A pauta, que tomou frente no Congresso por iniciativa da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), ainda não foi inteiramente abraçada pelo PT, partido mais enraizado com pautas trabalhistas no país.
No Planalto, diz-se que esta pode ser uma oportunidade do Lula 3 se reaproximar do eleitorado trabalhador, que tem sido perdido para a direita nos últimos anos. Na reunião com as centrais nesta semana, o presidente prometeu mais empenho. Em conversas, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem dito que vai colocar a pauta como uma das prioridades do governo no Congresso, em tentativa consenso com a Mesa Diretora.
A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, iniciativa do governo, também deverá ser celebrada nos atos. "É um 1º de Maio com shows, sorteios, mas vai ter muita discussão, mais uma oportunidade para falar da pauta dos trabalhadores", afirmou Torres.
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