O que Bolsonaro disse sobre Ramagem, INSS, anistia, Michelle e machismo

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discutiu temas relacionados a seu governo e analisou cenários para 2026 em entrevista ao Canal UOL.
A seguir, veja o que ele falou sobre o projeto de anistia, a ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal), relação com governadores e presidentes do Congresso, fraudes no INSS e possíveis nomes da direita para as eleições presidenciais de 2026. Bolsonaro também comentou sobre o período da pandemia de covid e a relação com militares sob seu governo.
Julgamento no Supremo
Bolsonaro disse que "tem esperança de reverter" o processo no qual é réu no STF por tentativa de golpe. "Tenho esperança de reverter tudo isso aí, que, afinal de contas, repito, é o MP que tem que provar que sou culpado, não vou provar que sou inocente." Ex-presidente chegou a dizer que "acredita em milagre" em relação a uma eventual condenação. Ele também afirmou que sua defesa não teria tido acesso à íntegra do processo. "Nós já fizemos defesa sem ter amplo acesso àquilo que a PF coletou ao longo desses mais de dois anos. Tenho esperança, sim, de retornar. Estou com 70 anos, se me condenarem a 40, é meu fim. A 20 também".
Ação penal e Alexandre Ramagem
Ex-presidente defendeu ser beneficiado pela medida que suspende o processo contra Alexandre Ramagem (PL-RJ). "Estou no Supremo por causa do Ramagem", disse. "Quando a Câmara decide que ainda tem o recurso agora do Hugo Mota, decide tirar o Ramagem lá, a primeira resposta que eu tenho dessa turma é que se sair, sairia só o Ramagem, como saiu por parte de dois crimes e continuou com três. A ação penal é uma só, não tem essa ação e não aquela [...] Tudo ao longo desse percurso está interligado", afirmou.
Ataques golpistas de 8/1
Questionado pela jornalista e colunista do UOL Carla Araújo se o silêncio dele sobre os ataques no 8 de Janeiro não estimularam os atos, Bolsonaro acusou a esquerda pelo 8/1. Bolsonaro afirmou que fez transmissões e vídeos pedindo o fim de uma paralisação de caminhoneiros em novembro de 2022. Ele disse ainda que no dia 8 "o governo estava na mão de Lula". Bolsonaro afirmou também que quando "o pessoal do acampamento chegou lá estava tudo depredado". Sem provas, o ex-presidente declarou que "aquilo, no meu entender foi uma inspiração da esquerda no Capitólio [EUA]".
'Governadores devem questionar motivo da inelegibilidade'
Bolsonaro cobrou que governadores de direita se posicionem contra sua inelegibilidade. Sem citar nomes, ele disse que não pode obrigar ninguém, mas gostaria que os chefes estaduais se questionassem: "Bolsonaro está inelegível por quê? Essas acusações valem?". Na lista de possíveis sucessores estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, entre outros. Depois, o ex-presidente pediu para que os governadores o ajudassem a acabar com a inelegibilidade —a decisão do TSE vale até 2030.
Anistia a presos e condenados
Um dos temas mais comentados durante a entrevista foi a tentativa de obter anistia aos presos condenados pelo 8 de Janeiro. O colunista do UOL Josias de Souza disse que há no Senado uma negociação para reduzir a pena dos presos e perguntou se Bolsonaro defenderia somente um projeto que o beneficiasse. O colunista lembrou que o filho do ex-presidente Eduardo Bolsonaro afirmou que "não nos interessa meia anistia, nos interessa anistia completa". Em resposta, Bolsonaro afirmou que não aceitou incluir no projeto da anistia a "questão da inelegibilidade". "Eu estava fora em janeiro. É justo você ser multado agora em Porto Alegre, Josias, se você está aqui? É justo eu pagar uma pena por depredação de patrimônio se eu estava na Disney?"
Relação com Exército: 'militar só no GSI'
Bolsonaro disse que, caso voltasse à Presidência, colocaria militares "só no GSI [Gabinete de Segurança Institucional]". "Nem na Defesa, eu colocaria", afirmou. O governo do ex-presidente teve a maior proporção de ministérios controlados por militares desde a ditadura —em 2020, oito das 22 pastas eram comandadas por militares.
'Ah, possível', diz Bolsonaro sobre corrupção
Bolsonaro admitiu a possibilidade de ter havido corrupção no INSS durante o seu governo. Ele defendeu que haja uma investigação sobre os descontos ilegais em aposentadorias e pensões. A oposição protocolou um pedido de abertura da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) nesta semana. "Nós, da direita, assinamos a CPMI. PT, PSOL, PCdoB, PDT, ninguém assinou a CPMI. Vamos investigar. Você não tem como falar corrupção zero. Você pode até buscar. É como zero absoluto, não tem como chegar lá. Tem que investigar. Agora, explodiu no governo do Lula." Bolsonaro disse ainda que "é possível" que tenha ocorrido alguma irregularidade antes. "Se, por ventura, alguém do meu governo fez algo de errado, pague."
Regulação das redes
Ex-presidente voltou a dizer que é contra a regulamentação das redes sociais. Para ele, o projeto vai "cercear" os brasileiros. "O pior vai acontecer, vai ser a censura bruta", afirmou. A proposta de regulamentação das redes sociais prevê mitigar as fake news no ambiente digital, além dos discursos de ódio.
Machismo
Bolsonaro negou ser machista ao ser questionado por declarações misóginas enquanto deputado federal e na Presidência da República. "Se você não sabe, pergunte para minha esposa", respondeu. Antes disso, o ex-presidente pediu um "caso concreto" em que havia sido machista. Ao ser lembrado da ocasião em que disse que a deputada federal Maria do Rosário "não merecia ser estuprada", ele afirmou que anteriormente a parlamentar a chamou de "estuprador". Bolsonaro foi condenado a pagar uma indenização para a deputada.
'Exageros' na pandemia
"Não sou coveiro", "gripezinha" "e daí, lamento" foram algumas das declarações de Bolsonaro durante a pandemia da covid. Hoje, ao UOL, o ex-presidente disse que "não falaria mais" frases como essas. "Posso ter exagerado algumas palavras, sim", afirmou. Ele negou ter qualquer arrependimento em relação a como conduziu as ações na pandemia.
Entrevista na íntegra
Canal UOL reexibe a entrevista na íntegra nesta terça (14) a partir de 21 horas. Para sintonizar, acesse na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e Samsung TV Plus (canal nº 2074).
* Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Bruno Luiz, Fabíola Perez e Laila Nery, do UOL, em São Paulo, e Felipe Pereira e Lucas Borges Teixeira, do UOL, em Brasília
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