'Cola', Constituição e terno de presente: os bastidores de Bolsonaro no UOL

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu ao recurso que usava nas lives durante seu período na Presidência no UOL Entrevista: separou e usou as "colinhas" de reportagens grifadas para sustentar seus argumentos.
O que aconteceu
O material foi colocado em uma mesa organizada pela equipe do ex-presidente antes da entrevista. Os papéis com letras de tamanho garrafais estavam arrumados em leque, divididos por assuntos, com grifos nas partes que ele considerava mais relevantes.
Enquanto conversava com jornalistas, o ex-presidente puxava os papéis e mostrava os destaques. "Veja que interessante", argumentava, como fez durante a entrevista, e como fazia durante as lives semanais que fez por quase três anos.
O ex-presidente dispensou a Constituição. Bolsonaro falou para um assessor que já tinha decorado todos os artigos que iria mencionar durante a entrevista. Ela ficou em cima de um equipamento no switcher, local do estúdio onde ficam as mesas de som e imagens.
Bolsonaro apelava para veículos que sempre criticou. Parte do material apresentado para fundamentar seus pontos de vista eram de jornais e portais que tiveram jornalistas xingados quando estava no comando do Palácio do Planalto.

O ex-presidente chegou ao estúdio bem-humorado e muito antes do horário. Visivelmente mais magro após a internação para fazer a sétima cirurgia, ele usava um terno com uma costura verde-amarela na lapela. Ele contou que foi presente de um apoiador, cujo significado disse não saber. A conversa com o UOL durou mais de duas horas, conduzida por Carla Araújo, chefe da sucursal em Brasília, e Josias de Souza, colunista do UOL.
Bolsonaro disse preferir usar o broche Pacificador da Palma. Trata-se de uma recordação dos tempos em que ele era da ativa do Exército, quando foi laureado por resgatar um colega que se afogava —mas ninguém tinha levado um hoje para a entrevista.
Ele foi avisado sobre qual câmera devia se dirigir para falar diretamente ao espectador. O ex-presidente ignorou a orientação. Escolheu dar as respostas olhando para os jornalistas.
Bolsonaro também reclamou dos áudios de Mauro Cid, material revelado ontem pelo UOL. Na frente dos jornalistas, o assessor de imprensa Fabio Wajngarten ligou para o advogado Celso Vilardi para saber se ele tivera acesso ao material. "Até ontem [terça, 13], às 19h, não", respondeu o advogado.
O ex-presidente debochou. Brincou que "até o UOL" conseguia ter acesso ao material do ex-ajudante de ordens, mas ele, diretamente envolvido nos casos, não.

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