Ação da PF mira dupla que teria comprado carros de luxo com desvios do INSS

A Polícia Federal cumpre hoje mandados de busca e apreensão em nova fase de operação contra fraudes em descontos de aposentados e pensionistas do INSS.

O que aconteceu

Policiais federais cumprem dois mandados de busca e apreensão na cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. De acordo com a PF, a ação foi autorizada pela Justiça Federal no Distrito Federal.

Ação mira dupla ligada à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais do Brasil), associação suspeita de participação no esquema de fraudes no INSS. Alvos são suspeitos de comprar veículos de luxo com dinheiro vindo dos desvios.

Operação é desdobramento de investigação sobre a Conafer. De acordo com a Polícia Federal, "uma trilha financeira suspeita" envolve a associação, que teria recebido mais de R$ 100 milhões do RGPS/INSS (Fundo do Regime Geral da Previdência Social).

Investigação aponta aumento vertiginoso em recebimento de descontos por parte da Conafer. Entre 2019 e 2020, período que compreende a pandemia da covid-19, a associação passou de R$ 350,2 mil para R$ 57 milhões, uma elevação de 16.185%. O aumento continuou de 2022 para 2023: saiu de R$ 92,2 milhões para R$ 202,3 milhões em contribuições arrecadadas, um crescimento de 119%.

O UOL procurou a Conafer e aguarda posicionamento. Em resposta enviada à reportagem na semana passada, a associação disse "observar o desdobramento do inquérito" e confiar no Judiciário. "É importante ressaltar que a receita do INSS representa apenas 11% do total da entidade", disse texto assinado pelo presidente Carlos Lopes.

A PF deflagrou, no fim de abril, a primeira fase da Operação Sem Desconto, que apura os descontos irregulares. A ação culminou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do afastamento de outros cinco servidores públicos do órgão por decisão judicial.

Em abril, foram apreendidos veículos de luxo que estavam com os alvos. O diretor-geral da PF informou na ocasião que, com um único alvo, foram apreendidos vários veículos, entre eles uma Ferrari e um Rolls-Royce, avaliados em mais de R$ 15 milhões.

Fraudes motivaram queda do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT). Para o seu lugar, o presidente Lula (PT) nomeou Wolney Queiroz.

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PF estima que descontos irregulares somaram R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Não há, no entanto, um número exato do quanto teria sido desviado pelo esquema.

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