Dependentes da 'cracolândia' pediram para ser internados, diz vice de Nunes

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O vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL), afirmou hoje que os usuários da "cracolândia", no centro da cidade, procuraram a prefeitura e pediram para ser internados na segunda-feira (12).
O que aconteceu
No início da semana, a região, geralmente ocupada pelo fluxo de usuários, apareceu vazia. Isso levantou questionamentos sobre o destino dos dependentes químicos, enquanto há também espalhamento deles para outras regiões da área central da cidade e relatos de ameaças e de espancamento por policiais.
O vice-prefeito afirmou que os usuários, em abstinência de droga, foram internados voluntariamente. "Quando chegou na segunda, inverteu: a gente estava sempre convencendo os dependentes a vir se internar, mas o pessoal da Saúde me ligou e falou que 60 pessoas queriam se internar. As pessoas foram em um dos equipamentos [de saúde] nossos. Tinha 60 pessoas pedindo para se internar. Não tinha droga, não tinha traficante ali, estavam na abstinência e foram se internar", disse, em entrevista à Revista Oeste.

Prefeitura "estrangulou o tráfico" na região com cavalaria, cães farejadores e efetivo reforçado da GCM (Guarda Civil Metropolitana), disse Mello Araújo. Ele afirmou que "várias ações" culminaram no esvaziamento da região. "Sábado não tinha gente. A imprensa noticiou na segunda, mas sábado e domingo não tinha mais ninguém."
Mais cedo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) também atribuiu o esvaziamento da "cracolândia" ao aumento na procura por tratamento. No entanto, não citou dados sobre crescimento no número de atendimentos a usuários de drogas nos últimos dois anos. Já o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, informou que 47 pessoas procuraram na terça-feira (13) o CAPs AD Redenção, especializado em acolhimento a usuários de drogas e álcool. O número seria acima da média diária de dez atendimentos, o que mostra, segundo ele, que há mais gente procurando tratamento para a dependência.
Mais cedo, o vice-governador, Felicio Ramuth (PSD), negou o ''espalhamento'' dos usuários e afirmou que eles estão sendo ''cuidados''. Em entrevista à GloboNews, ele disse que 1.200 delas estão internadas em hospitais e comunidades terapêuticas, especializados em desintoxicação. Outras 900 estariam sendo atendidas pelo Programa Operação Trabalho, onde recebem R$ 900 mensais para atuar em serviços da prefeitura.
Segundo o vice-governador, o fluxo foi de 2.000 para cerca de 60 a 80 desde 2023. ''No início, era uma concentração de 2.000 usuários, que trazia muito rendimento para o alto escalão do tráfico de drogas. Com 60 pessoas, isso passa a ser desinteressante para eles, e o que se vê é apenas a atuação do quinto escalão do tráfico. Mas isso não aconteceu da noite para o dia'', falou.
Secretaria Municipal de Saúde argumenta que não há novas "minicracolândias". Ao UOL, técnicos da pasta admitiram que há pessoas fazendo consumo de drogas em outros pontos, mas afirmam que a única cena aberta de uso na capital é a da rua dos Protestantes. Eles explicam que há dois critérios científicos para se considerar que há uma cena aberta: ter pelo menos um grupo de 15 pessoas consumindo entorpecentes e pelo período continuado de uma semana. Só o fluxo da cracolândia se encaixaria nesses parâmetros, de acordo com os técnicos.
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