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Josias: No caso de Cid, Aras passou de engavetador a compartilhador-geral

A revelação sobre as trocas de informações entre o tenente-coronel Mauro Cid e Augusto Aras evidencia os laços estreitos que o então procurador-geral da República mantinha com o bolsonarismo, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News hoje.

Reportagem exclusiva do UOL traz detalhes de mensagens de Cid a Santana Netto, assessor jurídico do Exército. Nelas, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro indica que houve uma comunicação extraoficial entre ele e a PGR, então chefiada por Aras, dando a entender que conseguiu informações sobre inquéritos nos quais era investigado diretamente com as autoridades responsáveis.

Se conectarmos essa revelação a algo que foi descoberto na CPI do 8/1, que apalpou um lote de mensagens eletrônicas de email do Mauro Cid, teremos um quadro muito preocupante e que teria exigido algum tipo de apuração e investigação, mas ficou nos subterrâneos e nada foi feito.

Durante sua gestão à frente da PGR, Aras ganhou muitas aparências. No atacado, era um grande engavetador; no varejo, visto como leniente à ministra Rosa Weber, hoje aposentada do Supremo. Estamos vendo que, no caso do Mauro Cid, Aras era um compartilhador-geral. Informações reservadas eram compartilhadas com Cid e o bolsonarismo.

Nesse lote de mensagens por email que a CPI do 8/1 apalpou e foram esquecidas, havia uma agenda privada do Bolsonaro, organizada por Cid. No caso do Aras, ele se dirigia diretamente ao então presidente da República, com quem tinha canal direto e marcava suas audiências. Aí Bolsonaro informava a Cid que receberia visitas do Aras.

Eu me lembro de uma ocasião na qual foi perguntado a Aras o que ele discutia com o presidente nessas visitas, por vezes realizadas à noite. Ele disse que não tinha nada a ver com a Procuradoria e deu a sensação de que era um encontro de amigos, como se fosse uma conversa de bar sobre futebol e amenidades. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, a gestão de Aras à frente da PGR deveria ser alvo de uma investigação por conta desse repasse de informações privilegiadas.

Nos emails que a CPI analisou, ficou claro que havia uma conexão entre as conversas com Bolsonaro e decisões tomadas na sequência pela Procuradoria, sempre favoráveis a ele. Isso tudo mostra que vivemos uma fase na qual Aras, além de não procurar, compartilhava informações com pessoas que deveriam ser investigadas e não dispor desse acesso privilegiado ao Ministério Público.

Muitas das acusações feitas contra Bolsonaro na ocasião não resultaram em nada. Talvez não estivéssemos enfrentando essa ação penal que está correndo no Supremo sobre a tentativa de golpe se Aras tivesse cumprido com sua obrigação. Ele a teria aberto os procedimentos de investigação no tempo adequado.

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Anormal foi outro nome para a gestão de Aras. Isso tudo deveria ser investigado. Ainda há tempo, mas parece não haver interesse. Josias de Souza, colunista do UOL

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