Itamaraty diz que prefeitos ignoraram orientação de não viajar a Israel

O Ministério das Relações Exteriores afirmou hoje que os políticos brasileiros que viajaram a Israel ignoraram alerta do Itamaraty para evitar viagens ao Oriente Médio por causa de conflitos armados.

O que aconteceu

Itamaraty afirmou que grupo viajou "a despeito" de orientação dada pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv. Em nota, o ministério informou que mantém alerta desde outubro de 2023, que "desaconselha toda viagem não essencial àquele país". A recomendação, desde então, diz o comunicado, é para que os brasileiros que já estavam em Israel "considerassem deixar o país". Ainda segundo a nota, 1.413 brasileiros foram retirados do país em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) desde outubro de 2023.

Em junho corrente, duas comitivas de autoridades brasileiras viajaram a Israel a convite do governo israelense, a despeito do alerta consular da Embaixada do Brasil em Tel Aviv. Com o início dos ataques de Israel ao Irã e o consequente fechamento do espaço aéreo israelense, os dois grupos de autoridades convidadas aguardam informações e providências com relação a seu retorno ao Brasil.
Nota do Ministério das Relações Exteriores sobre gestores brasileiros que ficaram presos em Israel

Grupo de doze gestores brasileiros deixou Israel de ônibus e chegou na Jordânia na manhã de hoje. Após ficarem presas em solo israelense após o início do conflito com o Irã, as autoridades estão em segurança e seguem a caminho de Amã, capital do país. O UOL apurou com fontes do Itamaraty que, de lá, o grupo irá, via terrestre, até Riad, capital da Arábia Saudita, de onde retornará ao Brasil em voo particular. O acordo foi feito pelas embaixadas de Amã e Riad.

A saída foi negociada pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira. Ele conversou, no fim de semana, com o ministro das Relações Exteriores saudita para viabilizar a operação, apurou a reportagem. O governo brasileiro informou, em nota, que a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, manteve contato por telefone desde o último sábado com o coordenador da delegação brasileira, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), e o informou sobre as tratativas do país com as autoridades de Israel e da Jordânia para garantir o retorno seguro da comitiva.

Dos 18 integrantes da comitiva municipal, 12 optaram por retornar por conta própria em voo particular. De acordo com a comissão de Relações Exteriores do Senado, a operação foi organizada pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), e será realizada de forma independente.

Outras seis pessoas permanecem em Israel. Elas se somam ao grupo do Consórcio Brasil Central, que reúne 22 autoridades estaduais, incluindo o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União). Fontes do Itamaraty apontam que a saída deste grupo está sendo negociada e a maior possibilidade é que eles sejam retirados em um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) pela Jordânia, que tem sido o país mais aberto à ajuda.

O Itamaraty trabalha com autoridades israelenses para viabilizar a retirada desse grupo nos próximos dias. Entre as alternativas analisadas pelo governo brasileiro para o retorno de quem continua no país também está o uso de voos comerciais, com apoio logístico e financeiro do governo de Israel.

Ao menos 42 políticos e assessores estavam no país quando ataques ao Irã se intensificaram. Além dos prefeitos de Belo Horizonte e João pessoa, o grupo inclui o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União).

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Intenção do grupo parlamentar é fazer uma operação de resgate de todas as autoridades e turistas brasileiros em Israel. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do grupo parlamentar Brasil-Israel, disse que já solicitou à administração de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, a relação dessas pessoas para organizar a retirada, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores.

Próximas saídas podem acontecer via Jordânia ou Egito. O destino das caravanas vai depender do andamento da guerra —na última sexta (13), Israel lançou uma ofensiva contra Teerã, que retaliou e disse que "abrirá as portas do inferno". Até ontem, 14 pessoas haviam morrido em Israel, e 224 no Irã.

Governo de Israel está colaborando, disse senador. "As decisões dependem de como ficará a guerra. Se os ataques diminuírem, teremos mais tempo para trabalhar, mas se houver uma escalada, naturalmente, pode dificultar. O governo israelense está colaborando, e muito, para que os brasileiros possam se deslocar o mais rapidamente possível e retornar ao nosso país", falou.

FAB disse que está de prontidão para resgatar autoridades, mas que depende de autorização do Ministério de Relações Exteriores. Nesta manhã, o Itamaraty disse ao UOL não ter atualizações sobre o assunto até o momento.

Veja lista de políticos brasileiros que deixaram Israel e estão na Jordânia

  • Álvaro Damião (União) - prefeito de Belo Horizonte
  • Cícero de Lucena (PP) - prefeito de João Pessoa
  • Welberth Porto (Cidadania) - prefeito de Macaé (RJ)
  • Johnny Maycon (PL) - prefeito de Nova Friburgo (RJ)
  • Claudia da Silva (Avante) - vice-prefeita de Goiânia
  • Janete Aparecida (Avante) - vice-prefeita de Divinópolis (MG)
  • Flávio Guimarães (PSD) - vereador do Rio de Janeiro
  • Márcio Lobato - secretário municipal de Segurança Pública de Belo Horizonte
  • Gilson Chagas - secretário de Segurança Pública de Niterói (RJ)
  • Francisco Vagner - secretário de Planejamento de Natal (RN)
  • Davi de Matos - chefe executivo do Civitas (Centro de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Segurança Pública do Rio de Janeiro)
  • Francisco Nélio - tesoureiro da CNM (Confederação Nacional de Municípios)

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