Carlos Bolsonaro: 'Alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo?'

Indiciado pela Polícia Federal no caso da "Abin Paralela", o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), culpou o governo Lula pelo desdobramento das investigações.

O que aconteceu

"Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo?", postou Carlos no X. "Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!"

Carlos foi apontado, nas investigações, como principal nome de um suposto "núcleo político" da espionagem na Abin. No ano passado, ele foi alvo da operação Vigilância Aproximada. O nome dele também apareceu na delação premiada do ex-ajudante de ordens do governo Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que apontou Carlos como o líder do grupo de assessores do Palácio do Planalto que atuava nas redes sociais disseminando notícias falsas, no que ficou conhecido como "gabinete do ódio".

Jair Bolsonaro não foi indiciado. A PF apontou indícios de autoria e materialidade do ex-presidente nos fatos, mas entendeu que ele já foi indiciado por organização criminosa no caso do golpe e, por isso, não poderia ser novamente indiciado neste caso.

No total, a PF indiciou mais de 30 pessoas, entre eles o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e o relatório final foi enviado ao STF. As apurações apontam que o esquema teria ocorrido no governo Bolsonaro, quando Ramagem era diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Bolsonaro e Ramagem negaram a espionagem. Em janeiro de 2024, durante live com os filhos, o ex-presidente disse que a "tal da Abin paralela" não existiu e que as informações dos serviços de inteligência não chegavam para ele. Já Ramagem acusou a Polícia Federal de "fazer alvoroço" em cima do caso, em entrevista ao UOL em julho de 2024. Segundo ele, as conclusões da PF têm "ilações rasas e conjecturas".

Mais indiciados pela PF

Entre os indiciados, está o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa. Nomeado para o cargo no governo Lula (PT), ele é suspeito de ter autorizado uma ação hacker da agência contra autoridades do governo do Paraguai, como revelou o UOL.

Outros integrantes da atual cúpula de comando da Abin também foram indiciados. Luiz Carlos Nóbrega, chefe de gabinete de Corrêa, e José Fernando Chuv, corregedor-geral do órgão, também aparecem no relatório final da PF. Além deles, constam o ex-diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, e Paulo Maurício Fortunato, que era secretário de Planejamento do órgão na gestão de Corrêa e foi afastado do cargo pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, em 2023, por suspeita de integrar o esquema de monitoramento ilegal.

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Inquérito apura uso da Abin para ações ilegais de espionagem. A investigação foi aberta no primeiro ano do governo Lula, para investigar indícios de que a agência tenha sido aparelhada e usada de forma ilegal pelo ex-presidente e Ramagem e se estendeu para ações suspeitas de espionagem durante a gestão petista.

Suspeita de obstrução de justiça. A PF apura também indícios de que Corrêa, atual diretor, tenha agido para atrapalhar as investigações sobre a "Abin paralela", assim como outros integrantes de sua gestão. Segundo investigadores, esse seria um dos motivos para a demora na conclusão desse inquérito.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi um dos indiciados pela Polícia Federal no caso conhecido como 'Abin paralela', diferentemente do informado pelo UOL. A informação foi corrigida.

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