EUA negam pedido de asilo a fugitiva do 8 de Janeiro, diz filho

Um tribunal administrativo dos Estados Unidos negou hoje um pedido de asilo de uma foragida brasileira condenada pelos ataques de 8 de Janeiro, informaram familiares ao UOL.

O que aconteceu

Raquel de Souza Lopes está presa nos Estados Unidos desde janeiro. A cozinheira brasileira foi detida no Texas no dia 12 daquele mês após tentar entrar ilegalmente no país e nega ter cometido os cinco crimes pelos quais foi condenada a 17 anos de prisão no Brasil, entre eles golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito.

Ela solicitou asilo para evitar a deportação imediata. Raquel pediu que o Eoir (Executive Office for Immigration Review), órgão vinculado ao Departamento de Justiça dos EUA, analisasse seu pedido, o que poderia impedir sua remoção do país.

O pedido de asilo foi oficialmente negado, segundo informou seu filho. Acenil Francisco disse à reportagem do UOL que a decisão foi tomada por um tribunal administrativo dos EUA e comunicada à família hoje.

A defesa da brasileira deve entrar com recurso. O caso será agora analisado pelo BIA (Board of Immigration Appeals), uma instância superior responsável por revisar decisões de imigração nos Estados Unidos.

A Justiça americana já havia iniciado os trâmites de deportação. Desde abril, a agência ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) comunicou à Interpol e ao Ministério da Justiça do Brasil que Raquel e outras três brasileiras com mandados ativos seriam deportadas no primeiro voo disponível após ordem definitiva.

A família contesta a condenação no Brasil. Acenil considera injusta a decisão do STF e afirma que sua mãe é uma simples dona de casa e cozinheira, sem condições de participar de qualquer tentativa de golpe.

O filho critica a severidade da pena imposta. Segundo ele, a mãe foi sentenciada mesmo sem ter agido com violência, financiado os atos ou destruído patrimônio. Sua única ação, alega ele, foi filmar os eventos com o celular.

Raquel foi condenada por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro. O STF entendeu que ela fazia parte de uma associação criminosa que invadiu os prédios dos Três Poderes em Brasília, em um ataque que visava contestar a eleição de 2022 por meio de um golpe de Estado e que resultou em danos ao patrimônio público.

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Fuga para a Argentina

Após a condenação, Raquel fugiu para a Argentina. Em 2024, ela se juntou a outros militantes condenados ou investigados que buscaram refúgio no país vizinho antes que a Justiça argentina começasse a prender foragidos.

Um novo grupo seguiu rumo a outros países. Cerca de 30 brasileiros deixaram a Argentina e seguiram para o Peru, Colômbia e México após a intensificação das prisões.

Quatro brasileiras tentaram entrar nos EUA e foram detidas. Raquel, Rosana Maciel, Cristiane Silva e Michely Paiva cruzaram ilegalmente a fronteira pelo Texas, mas acabaram presas pelas autoridades migratórias americanas.

Uma das brasileiras já foi deportada ao Brasil. Cristiane Silva retornou ao país e está atualmente presa em Fortaleza (CE), enquanto as demais aguardam os desdobramentos judiciais nos EUA.

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