Profissionais se inscrevem no Mais Médicos para atender índios e quilombolas
É o caso da sanitarista Marta Damasco, de 50 anos. Nascida no Rio de Janeiro e moradora de Brasília, ela decidiu participar da iniciativa para atender a população do município de Cavalcante, no interior de Goiás, e, ao mesmo tempo, realizar uma pesquisa em antropologia médica sobre as comunidades quilombolas da região. “Além de poder ajudar a população do município, pretendo estudar os hábitos de vida e hábitos alimentares dos quilombolas. Acho que tenho muito a contribuir”, afirma.
A médica, que já trabalhou na periferia do Rio de Janeiro – Complexo da Maré e Morro do Borel – acredita que a humanização do atendimento é fundamental. “A população precisa de tecnologia, medicamentos, hospitais. Mas a tecnologia social é também muito importante, além de mais barata. Ao se aproximar das pessoas, conhecer os hábitos de vida delas, você pode ajudar muito mais”, diz.
O desejo de melhorar a saúde da população é compartilhado pelo médico Elton dos Santos. Ele optou por trabalhar no Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio Purus, que fica em Labrea, no interior do Amazonas, próximo à divisa com Acre e Rondônia. Segundo o médico, a expectativa para início do trabalho é muito boa. “Acredito que vamos melhorar o atendimento. Os indígenas merecem”, afirma. No distrito, a etnia predominante é a Apurinã, com pouco mais da metade da população total.
Mas Santos já atendeu integrantes de diversas tribos indígenas. Especialista em saúde da família e psiquiatria, ele conta que entrou no programa para melhorar as condições de vida dos índios – mesmo motivo que o levou, 15 anos atrás, a sair de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para trabalhar em municípios do interior amazonense, como Humaitá e Tapauá.
Homologação
A primeira etapa de seleção do Programa Mais Médicos teve a adesão de 1.618 profissionais, que vão trabalhar em 579 municípios e 18 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).
Nesse grupo, há 1.096 médicos que já atuam no Brasil, 358 estrangeiros e 164 brasileiros graduados no exterior. Os profissionais vão atender cerca de 6,5 milhões de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A maior parte (67,3%) das regiões onde os médicos vão trabalhar está em áreas de extrema pobreza e distritos de saúde indígena. Os demais (32,7%) irão atuar em periferias de capitais e regiões metropolitanas.