Lázaro estava prestes a ser convencido quando ouviu um barulho de telefone. Era um policial retornando a ligação de uma jovem de 16 anos que, pouco antes, viu uma equipe policial passar pela vizinhança, em Cocalzinho (GO), e anotou o número de WhatsApp. Era para entrar em contato caso visse alguma movimentação estranha por ali.
"Socorro, Lázaro está aqui em casa", escreveu a adolescente, escondida debaixo da cama. A poucos metros dali, na sala, Lázaro Barbosa perguntava ao pai quem mais estava na casa. O proprietário jurava que estava ali apenas com a esposa.
Ao ouvir o telefone tocar, Lázaro arrancou a adolescente da cama e, como havia feito em outras vezes, ordenou que ela enchesse para ele uma panelada de comida. Enquanto comia, ele apontava a arma para o pai, amarrado, e avisou: todo mundo sairia dali correndo com ele, mas quem olhasse para trás morreria. Antes, pediu que a garota tirasse a camisa vermelha. Temia que a cor chamasse a atenção dos policiais.
Já à beira do córrego, a cerca de 2 km da casa, ele deu as orientações para que eles andassem pelo cascalho, dentro da água. Era para não deixar marcas e pistas na areia. Com a mensagem recebida pouco antes, os policiais, auxiliados por um helicóptero, se reposicionaram no local. Lázaro ficou com os reféns no rio, usando uma folha de coqueiro sobre a cabeça para se camuflar.
Ele chegou a se gabar para os reféns que até gostaria, mas não conseguia errar nenhum tiro. E atirou. Em meio aos estalos, ele se esquivou de um policial, acertando-o, e escapou novamente, liso e escorregadio como pedras de ribeirão. Deixou a família para trás. Antes de tirar as vítimas do rio, um policial ainda fez uma selfie com os resgatados enquanto as balas ricocheteavam nas pedras e matagal.