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Gilberto Kassab tem evitado os holofotes. Alvo de processos na Justiça e de investigações, o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro licenciou-se do cargo de secretário da Casa Civil do governo paulista no começo do ano. Enquanto organiza sua defesa, ele tenta colocar seu partido, o PSD, em condições de disputar uma posição ambiciosa nas eleições municipais do ano que vem: a de legenda com mais prefeitos no país.
Com recusas a pedidos de entrevistas e um comportamento sem polêmicas nas redes sociais, Kassab vem agindo com discrição nos últimos meses. Mas mantém a fama de bom articulador político. Ele tem viajado pelo Brasil para participar de encontros partidários e atrair filiados. Aliados chamam este trabalho do ex-ministro de "peregrinação" e dizem que ela se acentuou neste ano.
Destacam-se entre os novos integrantes do partido o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que deixou o nanico PHS e pode tentar a reeleição em 2020, e os senadores Carlos Viana (MG), Lucas Barreto (AP) e Nelsinho Trad (MS).
"Nosso partido tem atrativos interessantes por ser um partido novo, com bom espaço de TV e rádio [nas campanhas eleitorais], uma capilaridade extraordinária e uma boa representação no Congresso", diz Raimundo Colombo, ex-governador de Santa Catarina e integrante da Executiva Nacional do PSD.
Ponte aérea Nordeste-SP
Kassab priorizou a organização de encontros do PSD no Nordeste. Nos últimos meses, a sigla promoveu eventos com a participação do ex-ministro em Teresina, Salvador, Fortaleza, Aracaju e Recife. Mas ele também tem viajado pelo interior de São Paulo e cumprido agendas como presidente do partido em Brasília.
Na cidade de São Paulo, mantém a interlocução com o governador João Doria (PSDB). Kassab recentemente comentou sobre conversas de uma possível fusão de partidos, com PSDB, DEM e PSD. Segundo o ex-ministro, algo que dificilmente ocorrerá antes de 2022.
"Kassab é uma pessoa que respira e vive a política. Ele é 100% política, ele recebe gente no partido, em São Paulo ou em Brasília, ou na própria casa dele 20 horas. Não é 24 horas porque tem que dormir quatro horas. Isso inspira confiança [nos interlocutores] e dá a ele um conhecimento muito grande", comenta Ricardo Patah, integrante da Executiva Nacional do PSD e presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores).