Nas redações, Barbalho era chamado de "padre", já que quase se rendeu à batina. O jeito dócil e a presteza como coroinha na igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Virginópolis (MG), logo cedo chamaram a atenção do pároco, que, assim como a mãe, viu nele um futuro no sacerdócio. Dos 13 aos 18 anos, frequentou o Seminário São José em Itaúna, cidade mineira a 350 km distante de casa e dos 11 irmãos. Apesar de a memória estar começando a falhar, até hoje é capaz de recitar trechos em latim das "Catilinárias" de Cícero e da "Eneida" de Virgílio, aprendidos nas aulas de literatura.
Mas não tinha vocação. O pai, dono de cartório, desejou que ele estudasse para ser advogado, mas o garoto não simpatizava com a ideia. Leitor voraz de jornais e amante da escrita, considerou que se encaixava mais no perfil de jornalista e bateu na porta da sucursal do jornal "Última Hora" em Belo Horizonte. Estagiou por três meses, segundo ele, sem remuneração. Foi tentar carreira numa cidade maior.
Em 1967, aos 23 anos, desembarcou no Rio. Não conhecia ninguém. Foi redator em uma agência de notícias sediada no aeroporto internacional do Galeão, hoje Antônio Carlos Jobim, e ali conheceu Roberto Carlos e Elis Regina - esta uma figura "muito simpática", segundo ele. Depois escreveu para os jornais "Luta Democrática" e "Correio da Manhã", onde assinou a primeira reportagem, sobre os monumentos abandonados do Rio, em junho de 1969.
Não se esquece do dia em que aguardava para receber um de seus primeiros pagamentos como estagiário do "Correio" quando Carlos Drummond de Andrade, então com 67 anos (já em seu último ano como cronista do periódico), entrou na fila logo atrás dele. "Olá, seu Carlos!", cumprimentou o homônimo principiante. "O senhor gostaria de passar à frente?" Ao que o conterrâneo agradeceu, declinando da gentileza.