Adriana perdeu a filha. Assumiu uma missão
Nos primeiros dias depois do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (Grande São Paulo), em março deste ano, mães e professores abalados passaram a contar com o apoio de uma moradora do Rio de Janeiro. Apesar da distância, Adriana Silveira tornou-se uma confidente e uma incentivadora de pessoas como a professora Jussara Melo.
"Ela é uma das pessoas que me apoia bastante quando não estou bem. Ela conversa comigo e me ajuda", afirma a professora de espanhol que estava na Raul Brasil em 13 de março quando dois ex-alunos entraram na escola e mataram duas funcionárias e cinco alunos.
Com o auxílio de amigos em comum e o uso de aplicativos de troca de mensagens e redes sociais, Adriana Silveira aproximou-se da comunidade da Raul Brasil. "Eu dizia: preciso ir aí. Esse desejo nasceu desde o dia que aconteceu [o massacre]. Precisava trazer a eles aquilo que um dia recebi".
Adriana perdeu a filha Luiza, de 14 anos, em 7 de março de 2011, em um massacre na escola Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio. Doze alunos morreram na ocasião. "Um dia, no alto do meu desespero, quando nem tinha esperança de estar de pé, recebi muito carinho e amor. Foi muito importante a solidariedade de todos. Aquilo me fortificou", conta Adriana, presidente da associação Anjos de Realengo, que reúne famílias de vítimas do massacre no Rio.
Na última terça-feira (21), Adriana foi a Suzano e se encontrou com mães, professores, alunos e funcionários da escola. "Quis ser solidária à dor delas e dizer que estamos juntas na dor e na luta. É um encontro de amor e de força. Encontrar com elas é receber e dar [carinho]. A gente se sente melhor quando está com quem viveu e sentiu [o mesmo que nós]".
"A gente se sente acolhida. Foi muito emocionante [o encontro com Adriana]", diz Juliana Fernandes Ribeiro, mãe de uma aluna que sobreviveu ao massacre após se esconder na cozinha da Raul Brasil.