Estudar sozinho ou cursinho?

Alunos contam por que escolheram cada rotina de preparação para o Enem

Carolina Cunha Colaboração para o UOL, em Brasília Diego Bresani/UOL

Na preparação para as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), muitos estudantes precisam tomar uma decisão: estudar em cursinho pré-vestibular ou por conta própria?

Na hora de planejar a rotina de estudos não existe o certo ou errado, mas o que combina com a realidade e o jeito de ser de cada um.

Quem não pode pagar por um cursinho, está sem tempo ou interesse, conta com a opção de estudar sozinho, sem professores ou aulas presenciais. As vantagens são a flexibilidade de horário e o conforto de estudar em sua própria estrutura.

A estudante Flora Scartezini, de Brasília, está no último ano do ensino médio e estuda para a prova em casa. O que mais pesou na decisão foi a carga horária da escola.

Ela passa as manhãs e as tardes em sala de aula, conciliando aprendizado e atividades extracurriculares.

Flora, 17, está se decidindo entre cinema e artes cênicas. Em casa, estabeleceu uma rotina de três horas por dia para o Enem. Sua prioridade é a resolução de exercícios de revisão. Em finais de semana, busca resolver questões de provas de anos anteriores.

Para estudar sozinho é preciso saber manejar o tempo. A primeira coisa que Flora fez foi montar um cronograma de estudos detalhado. "A vantagem é que pude montar a grade horária de estudos com liberdade e de acordo com meu perfil", diz a estudante.

Na ausência de um professor para tirar dúvidas, Flora usa recursos didáticos online, como aplicativos, videoaulas e a participação em comunidades de estudantes. "Descobri que mesmo não tendo nenhum profissional que me auxilie, tenho outros jeitos de estudar e focar apenas nas minhas dúvidas."

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Sem pressão

O estudante Lucas Emanuel Ribeiro, 17, faz o ensino médio em uma escola técnica de Brasília. Com vontade de fazer ciências sociais, ele vai tentar o Enem pela primeira vez. Lucas também estuda em casa e o medo de pressão foi a principal razão de não querer entrar em um cursinho.

"Eu tentei fugir disso. Acredito que o cursinho é como se fosse uma segunda escola. Conheço gente que faz e sente aquela apreensão para ter que tirar uma nota muito boa. Ainda mais quando você paga. E eu não quis passar por essa pressão e cansaço", diz Lucas.

Ele baixou um cronograma de estudos da internet e reservou os dias da semana para estudar para o Enem. Ele também assiste a videoaulas no YouTube quando precisa de explicações.

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Acredito que o cursinho é como se fosse uma segunda escola

Lucas Emanuel Ribeiro, que estuda em casa

Tentações

A jovem brasiliense Luana Amaro, 19, terminou o ensino médio e está em busca de uma vaga em engenharia civil.

Ela já quis fazer um pré-vestibular, mas decidiu estudar sozinha por causa do aperto financeiro. Também conta com recursos online para tirar dúvidas e pensa em fazer um cursinho virtual, uma opção mais barata.

"Acho que pode ser interessante para ver conteúdos que tenho maior dificuldade e ter algum tipo de monitoria", afirma.

Luana estuda de forma integral para o Enem. Para ela, o comprometimento com a rotina exige disciplina.

"Diariamente tento fugir das tentações de fazer outras coisas e deixar os estudos para depois", conta a estudante.

Para manter a concentração, ela estuda de vez em quando em uma biblioteca e deixa o celular desligado. À noite, procura conteúdos na internet.

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Estudar numa escola que já tem o curso preparatório acrescenta demais na hora de fazer o Enem. Aqui você tem professores qualificados e pode aprofundar no que precisa

Thainá Farias, que faz cursinho

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Madrugar é preciso

Os cursinhos focam nos assuntos mais cobrados nos vestibulares. No entanto, o aluno precisa avaliar se vai ter espaço e disponibilidade de tempo para o compromisso com as aulas.

No ano passado, Mateus Monteiro, de São Paulo, prestou o Enem estudando sozinho, mas não conseguiu pontuação para entrar no curso de medicina. "Em casa eu tinha uma pegada muito diferente. Era mais tranquilo. O ambiente do cursinho dá uma estimulada porque todo mundo está no mesmo barco", explica o estudante.

Mateus, 21, mudou toda a sua rotina para se dedicar integralmente ao cursinho Poliedro. Mas a mudança exige um grande esforço. Ele acorda diariamente às 5h para chegar no cursinho às 7h.

Além de aulas com professores, o aluno pode estudar no próprio centro de ensino, que conta com plantão de dúvidas e de redação.

Entre idas e vidas, o jovem passa a manhã e a tarde inteira na instituição, retorna para casa somente à noite. "Todos os dias eu fico no cursinho até umas 21h, porque o volume de conteúdo é muito alto", relata Mateus.

Para não perder de vista o que aprendeu, Mateus já planejou como vai passar as férias. A ideia é chegar lá com a matéria toda em dia. "Vou revisar o conteúdo de todo o semestre em julho", diz o estudante.

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Fazer um cursinho preparatório é um diferencial enorme e vai fazer a diferença. Aqui a gente tem que saber fazer uma prova de Enem e o professor te ensina macetes

Gabriel Barboza, quer engenharia

Revisão e liberdade

Colega no mesmo cursinho de Mateus, Isabella Ferla, 17, quer igualmente uma vaga em medicina. Ela passa as manhãs e as tardes no Poliedro. Sua carga de estudos chega a atingir um total de 12 horas diárias.

É a segunda vez que Isabella encara um cursinho. Sua dica é aproveitar as aulas com atenção. "É preciso estar 100% nas aulas para absorver o máximo. Porque depois você consegue revisar conteúdo sozinho", diz a estudante.

Neste ano, Isabella também repensou sua forma de estudar e aposta na revisão para fixar melhor o conteúdo. "Não revisar o assunto toda hora é muito ruim. Esse é um erro que eu cometi no ano passado", diz.

Ela retoma o conteúdo da aula do cursinho no máximo um dia depois. Outra estratégia é ler a matéria a ser dada antes, para tirar as dúvidas com o professor durante a aula.

Muitos cursinhos criam uma grade de aulas que todos os alunos precisam assistir no mesmo horário. Isabella contorna essa situação com a liberdade que a instituição onde estuda oferece.

"É verdade que tem momentos em que realmente algumas aulas são desnecessárias, pois você já sabe aquilo. Aí eu vou para outra sala e estudo por minha conta para ter maior rendimento."

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Talvez se eu estivesse estudando sozinha, estaria estudando num todo, num geral. Com os professores aqui, o foco é naquilo que realmente pode cair

Isabella Ferla, quer medicina

Treino para alcançar o resultado

Thainá Farias e Gabriel Barboza estão no último ano do ensino médio e estudam juntos no colégio CEL, do Rio. Os dois vieram de escola pública e conseguiram uma bolsa para o colégio, que oferece um cursinho preparatório para o Enem.

Estudam lá de manhã até a noite. À tarde, o cursinho oferece aulas específicas por área de conhecimento e exercícios de revisão. Foi justamente a carga horária puxada que chamou a atenção dos alunos. Aos sábados, fazem simulados.

"Eu acho que estudar numa escola que já tem o curso preparatório acrescenta demais na hora de fazer o Enem. Aqui você tem professores qualificados e pode aprofundar no que precisa", diz Tainá. A estudante de 17 anos busca uma vaga em relações internacionais.

Gabriel, 18, quer fazer engenharia mecânica. Para o carioca, o maior diferencial do cursinho é a possibilidade de treinar regularmente com simulados para o Enem e vestibulares. "Eles são primordiais para a gente entender o formato das questões, saber fazer a prova e calcular o tempo", afirma o estudante.

Sobre o equilíbrio entre estudos e rotina, Gabriel diz que é preciso ter uma motivação maior e saber aonde quer chegar.

"O nosso dia a dia pode ser desgastante. A gente fica até longe da família. Mas tem que pensar no futuro. No final do ano, quero ver o resultado do Enem junto com a minha família. Já pensou que coisa maravilhosa se eu passar? Estudar é o meu objetivo, então vale a pena."

Ricardo Borges/UOL Ricardo Borges/UOL
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