Eles fizeram parte de grupos ligados à maior milícia do país, que se expandiu da zona oeste do Rio à Baixada Fluminense. Mas entraram para a lista negra da "Firma" porque resolveram falar.
A reportagem do UOL teve acesso a vídeos com relatos de dois ex-milicianos assassinados. Em depoimentos à Justiça, eles confessaram participar de crimes como extorsão, organização criminosa e corrupção ativa.
Atormentados pela morte de colegas e perseguidos nas quadrilhas, decidiram revelar, em detalhes, o funcionamento de um grupo infiltrado na polícia e até na política local.
Em território afastado das autoridades, milicianos circulam impunemente com armas de grosso calibre em plena luz do dia, expulsam rivais e criam uma rotina de terror, com casos de esquartejamento de vítimas e ocultação de cadáveres em cemitérios clandestinos.
A "Firma" cria franquias em um modelo empresarial, segundo denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). A quadrilha chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko — na lista dos criminosos mais perigosos do país divulgada no fim do mês pelo Ministério da Justiça — recruta membros de grupos menores e autoriza que eles usem o seu nome. Em troca, exige pagamentos.
Mas milicianos também usaram o nome de Ecko para agir sem pedir autorização.