Autor de um pedido de impeachment contra o vice-presidente Hamilton Mourão em abril, o pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) afirmou, em entrevista ao UOL, que o companheiro de chapa do presidente Jair Bolsonaro "entendeu o recado" e passou a cumprir o seu papel na defesa do governo.
"Eu parti pra cima do Mourão politicamente pra tentar trazê-lo à realidade, e acho que funcionou, porque hoje o Mourão é um Mourão mamão com açúcar, doce, amigo", disse Feliciano. "É um Mourão fazendo o papel de vice, defendendo a Presidência. Mas não era assim que ele agia antes da minha atitude."
Uma semana depois de ser apresentado, o pedido de afastamento do vice-presidente feito por Feliciano acabou arquivado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O argumento foi o de que não havia base legal para dar andamento ao processo.
Em seu requerimento, Feliciano defendia o afastamento de Mourão "por conduta indecorosa" e por "conspirar" contra o presidente. Um dos elementos que baseavam a acusação era o de que o vice-presidente teria curtido um tuíte em que a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT, criticava Bolsonaro e citava Mourão de forma positiva.
Na época do embate, Mourão evitou responder as críticas de Feliciano e disse que encarava o pedido de impeachment como uma "bobagem". O deputado afirma agora, no entanto, que o vice-presidente mudou de postura depois do episódio.
"O presidente falava uma coisa, e ele dizia outra. O presidente prometeu mudar a embaixada em Israel para Jerusalém, e ele disse que isso não ia acontecer", diz Feliciano. "Por isso eu fui tão duro com ele. O Mourão de agora é outro."